Se é verdade que Cabo Verde é conhecido como um fornecedor de emigrantes para países na Europa e América, dados indicam que há também uma crescente presença no arquipélago de imigrantes vindos do sub continente africano.
Como a Voz da América reportou recentemente, as autoridades e empresários cabo-verdianos estão preocupados com a saída de muitos jovens para o exterior, especialmente para Portugal, de onde empresas têm ido ao arquipélago recrutar mão de obra para os setores da construção e turismo. O assunto esteve alias recentemente em debate noparlamento
Dados do Instituto Nacional de Estatísticas, indicam que de 2018 a 2021 cerca de 18 mil cabo-verdianos emigraram, e o orgão realiza neste momento um novo levantamento. A Associação Taxistas da Praia informou que, só na capital, 100 motoristas emigraram só no ano passado.
O censo de 2022 indicou contudo que, na altura 10.875 cidadãos de países do continente africano viviam no país, para onde se deslocaram em busca de trabalho. E emmpresários cabo-verdianos admitem que face à saída de cidadãos nacionais para o estrangeiro uma alternativa é importar mão de obra do continente.
Há cerca de 14 anos a viver no arquipélago, Almane Djaná diz que apesar das dificuldades naturais do país, sente-se bem e leva uma vida melhor do que aquela que tinha na Guiné Bissau.
“ Saí da Guiné Bissau para Cabo Verde na procura de uma vida melhor… estou bem graças a Deus porquanto a vida aqui é diferente da que tinha no meu país… embora considere que ainda não se ganhe muito na construção civil, mas dá para desenrascar e ainda mandar algum dinheiro para a família… devo dizer que desde que vim para aqui notei muita diferença … aqui a vida está melhor do que quando estava na Guiné”, contou à VOA.
Adulai Baldé vivia em Bafatá, trabalhava e frequentava uma formação profissional , mas devido a dificuldades financeiras, resolveu emigrar para Cabo Verde, onde já residia o seu tio.
“Vim para Cabo Verde a procura de uma vida melhor, porque o que ganhava não chegava para pagar os meus estudos e outras necessidades… os 10 meses que tenho aqui em Cabo Verde vejo que me dá melhor rendimento, porque aqui consigo guardar algum dinheiro e um dia regressar para continuar os meus estudos”, afirmou.
Embora afirmam sentir-se bem no arquipélago , tanto Djaná como Baldé não escondem o desejo de dar salto para outras latitudes mais desenvolvidas com o objectivo de melhorar ainda mais a situação sócio-econômica .
Sobre o nível vida, o economista José Maria Veiga diz que os imigrantes de países da sub -região do continente africano conseguem equilibrar a balança, porque poupam em termos de aluguer de habitação e alimentação, o que lhes permite ter alguma poupança para enviar aos familiares no país de origem.
“ Conseguem porque a forma como também vivem cá, a questão de alojamento às vezes eles estão quatro – cinco no mesmo espaço, tentam poupar o máximo, o próprio sistema de alimentação comem em grupo… quer dizer vivem não porque ganham bem, mas poupam ao máximo. Uma pessoa pode ganhar pouco, mas a forma como organiza a vida… acaba por ter mais poupança do que aquele que ganha bem”, adiantou o antigo governante.
Em termos de tratamento e aplicação das normas vigentes, o economista considera que os imigrantes não são discriminados e vivenciam a mesma realidade dos cidadãos nacionais.
José Maria Veiga que já foi ministro da agricultura, afirma que Cabo Verde é um país onde os estrangeiros africanos vivem normalmente, conseguindo com mais ou menor dificuldade levar a vida de forma razoável.
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