Três aldeias dos distritos de Mecúfi e Metuge estão desertas, após confrontos entre insurgentes e as forças estatais, na zona mais a sul da província moçambicana de Cabo Delgado, o que coloca as autoridades em alerta, disseram à VOA, nesta quinta-feira (1), várias fontes locais.
Os dois distritos ficam a menos de 50 quilómetros da capital da província, Pemba.
Grupos rebeldes reforçaram a sua presença naqueles distritos, nas últimas semanas, e os confrontos com as forças estatais, desde terça-feira (30) forçaram a fuga da população das aldeias de Naminaue (Metuge) e Macuaia e Namarapala (Mecufe), áreas altamente produtivas e consideradas celeiros do sul, contaram os moradores locais.
“O ambiente não está bom. Mesmo na sede (Mecufe) não dormimos ontem (31) por causa de medo de ataque, e toda a população de algumas aldeias produtivas (Macuaia e Namarapala), fugiu, e está aqui na sede de Mecufe”, disse um professor, que pediu anonimato.
Um outro morador, Ebrahim Amin, disse que “o medo se generalizou” com os novos ataques, e que várias famílias começaram “a caminhar com trouxas na cabeça”, em direção a Mecufe-sede ou Pemba, devido ao clima de insegurança que se instalou na região.
Amin, que é alfaiate, anotou que a população ficou mais insegura quando a força estatal, que tinha sido enviada para responder a um ataque no interior, voltou sem viaturas e em debandada.
Confrontos
No dia 31, os terroristas atacaram a aldeia de Naminaue, no posto administrativo de Mieze, distrito de Metuge, em Cabo Delgado. A aldeia fica a apenas 28 quilómetros da capital provincial, Pemba, que entrou em alerta com os ataques.
O ataque ocorreu no triângulo Mecufe, Mazeze e Metuge, para onde foi destacado um contingente militar da força estatal, que depois caiu numa emboscada dos insurgentes provocando três baixas na tropa, segundo disse uma fonte militar à VOA.
No confronto, um militar governamental e outros dois elementos da força local – que ajudam no combate ao terrorismo – morreram e uma viatura militar, das quatro destacadas para a missão, foi incendiada. Os miliares feridos estão a receber tratamento em Pemba.
“Houve um combate com os insurgentes, e logo a força iniciou uma perseguição, mas uma das viaturas enterrou. Iniciou-se uma perseguição a pé numa grande distância, mas quando a força regressou, para tirar o carro, os insurgentes surpreenderam, e atacaram”, contou.
Um elemento da força local, contou que a tropa estava a controlar o movimento dos insurgentes na zona de Mieze, quando estes seguiam em direção ao rio Lúrio.
Por o rio Lúrio estar quase a transbordar nesta época chuvosa e na zona de Mazeze ter sido reforçada a segurança, prosseguiu a fonte, os insurgentes tendem a descer para Mecufe, onde viriam a se confrontar com a tropa estatal.
Perseguição a terroristas
A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Pemba ainda não reagiu aos novos confrontos e o Ministério da Defesa Nacional (MDN) não respondeu de imediato o nosso pedido de comentário.
Esta aproximação acontece na semana em que o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse, em Roma, na Itália, que os terroristas teriam “momentos difíceis” nos próximos dias, ao mesmo tempo que aconselhava a se entregarem às autoridades.
Já o governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, apelou no dia 31, na aldeia Impiri, onde foram vistoshomens armados esta semana, a população a não abandonar as suas terras, alegando que que os terroristas estavam em fuga na sequência de ataques das forças moçambicanas no distrito de Macomia, considerado o último reduto dos rebeldes.
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