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Cabo Delgado: Saída da força da SADC levanta preocupações sobre luta contra terrorismo


Uma caravana militar das Forças de Defesa da África do Sul patrulha Pemba. 5 de Agosto 2021
Uma caravana militar das Forças de Defesa da África do Sul patrulha Pemba. 5 de Agosto 2021

Presidente Filipe Nyusi diz que seu Governo trabalha com vários parceiros para enfrentar a saída da SAMIM

Analistas políticos moçambicanos manifestam-se apreensivos com a prevista retirada, a 16 de julho, da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM), que está a ajudar a combater o terrorismo em Cabo Delgado, porque as Forças Armadas de Moçambique (FADM) não têm capacidade para enfrentar o fenómeno sozinhas.

Entretanto, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, diz que o país já está a trabalhar, com diferentes parceiros, tendo em conta essa retirada.

A retirada da força da SAMIM, que desde 2021 ajuda as tropas moçambicanas na luta contra a insurgência em Cabo Delgado, foi anunciada, há dias, pela ministra moçambicana dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verônica Macamo, justificando-a com a falta de financiamento por parte dos países membros da SADC.

"Nos últimos tempos, houve uma nova vaga de ataques, quando parecia que os terroristas estavam rendidos e isto cria insegurança; várias pessoas fugiram de Chiure para Erati, abrangendo-se uma nova zona que é a província de Nampula. Isso é muito preocupante", considera o analista político, Ilídio de Sousa.

Cabo Delgado: Analistas alertam sobre os riscos da saída da SAMIM
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O analista político, Frederico João, diz estar igualmente apreensivo com a possível saída, "uma vez que a força da SAMIM contribuiu de forma significativa para estancar o avanço das forças terroristas e ajudaram o governo a criar capacidades para combater o terrorismo, não apenas neste momento como também futuramente".

Para o analista político, Calton Cadeado, se a SADC se retirar vai ter que partilhar informações, porque caso Moçambique fracasse isso vai afetar também os países da região.

João Feijó, também analista político, afirma, por seu turno, que a eventual retirada da força da SAMIM vai ser "muito má", porque o Governo moçambicano continua a insistir numa determinada estratégia militar na luta contra a insurgência. Feijó realçou que "construir um país em que os problemas se resolvem com base na pressão militar, esse país é insustentável, o Governo não tem recursos para criar uma estratégia contra a insurgência".

Entretanto, o presidente moçambicano já reagiu e afirmou que o Governo "está a trabalhar com vários países e organizações multilaterais, no sentido de manter o estado e intensificar a força no terreno, porque o inimigo está a caprichar e nós achamos que temos que estar sempre em cima deles".

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado tem sido atacada por inusurgentes, que dizem pertencer ao Estado Islâmico. Em resultado cerca de quatro mil pessoas perderam a vida e mais de um milhão de pessoas encontra-se deslocada, além de avultados prejuízos patrimoniais.

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