O Centro de Integridade Pública (CIP) defende um debate sério e aberto entre o Governo de Moçambique e os diferentes sectores da sociedade civil sobre as condições em que a Total e as outras empresas de petróleo e gás devem retomar as actividades em Cabo Delgado.
Várias empresas, entre as quais a Total, Exxon Mobil e Eni, suspenderam as suas actividades em Palma, por causa dos ataques jihadistas, e poderão retomá-las, na sequência das operações militares actualmente em curso na província de Cabo Delgado, envolvendo forças moçambicanas e externas.
O CIP pretende liderar esse debate, sendo que a ideia é influenciar para que as condições em que as empresas vão retomar as suas actividades não prejudiquem os moçambicanos, diz a pesquisadora Inocência Mapisse.
Ela interroga-se se "haverá alguma adenda nos contratos existentes, sobre que assuntos, quais os termos que serão considerados?" e realça que "o país está neste momento numa espécie de vulnerabilidade em relação à paz e segurança, e nenhuma empresa quer operar num contexto de instabilidade social e político-militar".
Segurança
O ministro moçambicano dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela, já veio a público reiterar que o Governo está empenhado em criar as condições de segurança exigidas pela Total para o relançamento do seu projecto de gás natural liquefeito em Afungi.
"E espero que o desempenho das forças militares no terreno permita a criação dessas condições," disse Tonela.
O investigador João Feijó disse que a Total vai insistir na questão da segurança para retomar o projecto bilionário de Afungi, até como forma de ganhar vantagem nas negociações.
Mas para o jurista e comunicador Tomás Vieira Mário além das questões de segurança, há um ponto que se deve estar muito atento a ele, que "é o debate sobre a descarbonização, que é muito sério e ameaça, claramente, os combustíveis fósseis".