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Cabo Delgado: Não basta reconstruir infraestruturas, é preciso eliminar as causas da insurgência


Macomia, Cabo Delgado, antes da destruição, 2018
Macomia, Cabo Delgado, antes da destruição, 2018

"O combate a este fenómeno não é apenas ao nível militar; terrorismo combate-se também ao nível das mentalidade", disse o analista político Egídio Vaz

A Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) diz que já foram reconstruidas praticamente todas as infra-estruturas que haviam sido destruidas pelos jihadistas, no distrito de Macomia, norte da província moçambicana de Cabo Delgado, aguardando o regresso das populações, mas analistas dizem que falta resolver as causas da guerra.

Cabo Delgado: Não basta reconstruir infraestruturas, é preciso eliminar as causas da insurgência, dizem analistas
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A reconstrução de Cabo Delgado depois do conflito armado, foi tema de uma conferência co-organizada, na semana passada, pela Universidade Católica de Moçambique e o Observatório do Meio Rural, em que a ADIN, agência estatal, anunciou estar prevista para breve a reinauguração da maior parte dessas infraestruturas.

O empresário Assif Osman, diz, entretanto, que a solução para o conflito em Cabo Delgado, não deve ser apenas militar, deve ser acompanhada por medidas económicas e sociais, porque, esta guerra provocou um verdadeiro drama humanitário.

Mobilização

"Temos que resolver esta situação, porque estamos a falar de muitas vidas perdidas, famílias desmembradas, e de pessoas que perderam o pouco que acumularam ao longo das suas vidas", disse Osman.

Macomia é dos distritos mais afectados pela violência jihadista no norte de Cabo Delgado, e João Feijó, pesquisador do Observatório do Meio Rural, diz que se não forem tomadas medidas, sobretudo no domínio sócio-económico, as pessoas que regressarem poderão ser mobilizadas pelos jihadistas.

No seu entender, não é sustentável estar a alimentar, indefinidamente, mais de 800 mil pessoas, "e o grande desafio agora é reintegrar economicamente essas pessoas para conseguirem produzir, gerar rendimentos, alimentar a economia e diminuir a necessidade de doações, mas para isso, tem que haver um projecto mais sustentado".

Infiltração

Para Dércio Alfazema, oficial do Instituto para a Democracia Multipartidária, é preciso tentar resolver as causas do conflito, assim como reforçar as medidas de segurança quando as pessoas estiverem a regressar aos seus distritos, "porque o risco de infiltração de terroristas é grande, uma vez que as populações não estão organizadas como estavam nas suas comunidades antes do conflito".

Por seu turno, o analista Egídio Vaz chama a atenção para a necessidade de não se encarar o movimento de retorno das pessoas como o fim do terrorismo.

"O combate a este fenómeno não é apenas ao nível militar; terrorismo combate-se também ao nível das mentalidade; existe uma dimensão civil do contra terrorismo que deve ser implementada; temos que ter em conta as causas deste conflito", disse Vaz.

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