O analista Fernando Lima diz que facto de o ministro moçambicano da Defesa, Cristóvão Chume, pedir paciência ao país, relativamente ao conflito em Cabo Delgado, significa o reconhecimento da gravidade da situação, sobretudo porque em Janeiro termina a missão da Força em estado de alerta da SADC.
As autoridades anunciaram, esta semana, a morte de mais 11 jihadistas em Cabo Delgado, mas, para Cristóvão, isso está longe de ser o princípio do fim da insurgência, realçando que neste novo momento, é preciso que o país tenha muita paciência, para que as operações militares continuem".
O analista Fernando Lima diz que nunca houve, pelo menos ao nível militar, o sentimento de que a situação em Cabo Delgado ia melhorar repentinamente, mesmo sob o ponto de vista estritamente operacional, e é isso que está a acontecer.
Anotou que deixaram de acontecer os grandes ataques, nomeadamente, ocupação de vilas e aldeias, "mas continuam ataques esporádicos em grupos mais pequenos, com objectivos muito específicos: manter uma campanha de terror, por um lado, e por outro, ir buscar abastecimento".
O professor primário da cidade da Matola, Januário Cossa, disse que o ministro da Defesa "devia transmitir aos moçambicanos a ideia de que a situação não está assim tão má, até para moralizar os moçambicanos".
Contudo, para Fernando Lima, a perspectiva do ministro da Defesa é correcta, e reflecte o aspecto de haver tropas internacionais em Moçambique que auxiliaram o país a destruir as grandes bases e as grandes concentrações jihadistas, "mas que isso não impede que pequenos grupos continuem a operar."
"Esse tipo de ataques é mais difícil de controlar por um grande contingente militar, realçou aquele analista".
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, diz que a exploração de gás arranca já para o ano, e há quem receie que até lá a situação militar não esteja ainda resolvida. Fernando Lima entende que os terroristas vão, eventualmente, continuar a operar, sem ameaçar directamente o projecto de Afungi.
"Mas continuam a ser uma ameaça, uma vez que causam intranquilidade", destacou.
Ele afirmou ainda que numa avaliação da situação no país e da província de Cabo Delgado, em particular, "é mau do ponto de vista de segurança, porque as acções terroristas acontecem em Nangade e Macomia, longe dos sítios do gás, mas isso não significa que não pode haver as mesmas situações em Mocímboa da Praia e Palma, que ficam, exactamente na zona de gás".