Os ministérios moçambicanos do Interior e da Defesa nacional devem fazer, rapidamente, uma reflexão sobre como é que Moçambique e a comunidade internacional devem saber o que está a acontecer em Cabo Delgado, para que não sejam apenas os ruandeses a falarem sobre o combate ao terrorismo naquela província, defendem analistas.
Neste momento, o que se sabe sobre a situação no teatro operacional norte, é através da imprensa ruandesa, e muito pouco se ouve da parte de Moçambique, e para o jornalista Fernando Lima, isso deve-se ao facto de que "há uma máquina de comunicação muito enferrujada do lado moçambicano."
Lima avançou que isso está-se a reflectir agora, em Moçambique "numa situação em que tem que ser confrontado com outra máquina comunicacional que funciona, completamente, em parâmetros diferentes".
Narrativa unilateral
Aquele analista defendeu que os ministérios do Interior e da Defesa Nacional "têm que fazer uma reflexão sobre como querem que os moçambicanos e a comunidade internacional saibam o que está a acontecer em Cabo Delgado, senão teremos apenas uma narrativa unilateral da parte do Ruanda com Moçambique a reboque da comunicação ruandesa".
"A falta de comunicação é uma questão muito preocupante em Moçambique; tem de haver uma profunda reflexão sobre isto", considera, por seu turno, o analista Moisés Mabunda, recordando que o recente desentendimento entre Maputo e Pretória sobre a participação do Ruanda no conflito militar em Cabo Delgado se deveu à falta de informação.
Mabunda realçou que, por falta de informação do lado de Moçambique, fica-se com a impressão de que os ruandeses estão sozinhos na linha da Frente.
Contudo, o ministro moçambicano da Defesa, Jaime Neto, disse recentemente que os moçambicanos também estão na linha da frente.
"As forças do Ruanda e as nossas forças já entraram várias vezes em combate, e achamos que o trabalho que estão a fazer é muito bom," disse.