A Polícia moçambicana em Cabo Delgado afirmou no início da semana continuar a combater o grupo de insurgentes islâmicos em apenas dois redutos, nos distritos de Nangade e Macomia, entretanto, o Estado Islâmico reivindicou a morte de três militares num ataque ao quartel das Forças de Defesa e Segurança (FSD).
Mais fragilizado, o grupo localmente conhecido por al-shaabab, continua activo e com ataques esporádicos nas aldeias dos distritos de Nangade e Macomia, praticamente mais para pilhagem de alimentos para o seu reabastecimento, disse Vicente Chicote, comandante provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Cabo Delgado.
“Continuamos a batalhar pelos últimos redutos do inimigo, que neste momento se localizam fundamentalmente no distrito de Macomia, e existe um pequenino círculo, que anda ao redor do distrito de Nangade”, precisou Vicente Chicote, durante a cerimónia de lançamento da Semana da Polícia.
“Vamos continuar a empreender este tipo de esforços até a eliminação destes malfeitores que andam a aterrorizar a nossa população”, acrescentou Chicote.
Por outro lado, as forças conjuntas de Moçambique, do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SAMIm), que combatem a insurgência em Cabo Delgado, activaram a “Operação Vasculha”, após relatos de frequente circulação de grupos terroristas nas matas de Nangade, Macomia e Palma.
A campanha militar visa vasculhar as matas dos referidos distritos, incluindo casas abandonadas, entulhos de aldeias destruídas e outros locais onde possam estar escondidos os grupos de insurgentes, segundo a publicação na página sobre #Cabo Delgado, na rede social Twitter, que exibe várias imagens da operação.
Três mortes
Entretanto, o Estado Islâmico anunciou nesta terça-feira, 10, a morte de três militares e a destruição por fogo de um quartel das Forças de Defesa de Moçambique (FSD) em Quiterajo, no distrito de Macomia, considerado um bastião da insurgência.
Em comunicado divulgado na sua página oficial, reivindica “o ataque ao exército com armas automáticas” que resultou em “três soldados mortos e um quartel incendiado” em Moçambique, que o grupo qualifica como província, portanto, separada da província da África Central (ISCAP).
Noutros relatos à VOA, moradores contaram que o grupo atacou uma viatura de transporte de passageiros próximo à aldeia Litingina, no distrito de Nangade, sem, contudo, causar vítimas.
Num ataque anterior, numa aldeia próxima, os insurgentes mataram uma pessoa, que tinham encontrado escondido nas machambas – campos agrícolas transformados em esconderijos.
A Polícia em Cabo Delgado não respondeu o nosso pedido de comentário sobre os novos ataques.
Regresso da População
Noutra frente, o comandante provincial da PRM em Cabo Delgado disse que pelo menos duas mil pessoas terão deixado os campos de deslocados esta semana regressando para o distrito de Mocímboa da Praia, o primeiro com estratégico porto e aeroporto, a ser atacado e tomado, por mais de um ano por grupos insurgentes.
“Só na semana passada, recebemos mais de 1.500 pessoas, que estavam nos centros de acolhimento e voltaram à aldeia de Awasse”, disse Vicente Chicote, ao encorajar o regresso da população às zonas de origem.
“Recebemos também um grupo de populares, que saíram do distrito de Palma para a vila sede de Mocímboa da Praia”, ainda esta semana, frisou Vicente Chicote, que na ocasião pediu maior vigilância na fronteira com a Tanzânia para impedir a facilitação de entrada de ilegais que “depois revoltam-se contra nós e revoltam-se contra a nossa população”.