Pesquisas reveladas depois do fecho das urnas nesta quinta-feira, 23, indicam que os britânicos parecem ter votado pela permanência do Reino Unido na União Europeia, o que provocou já uma enorme subida da cotação da libra esterlina no mercado internacional.
Com mais de meio milhão de votos contabilizados, a campanha pela saída britânica do bloco europeu aparecia na liderança com 50,6 por cento dos votos ante 49,4 por cento pela permanência, embora ainda seja muito cedo para estabelecer uma tendência confiável.
Uma pesquisa conduzida pela YouGov apontou para a vitória da campanha do "fica" por uma margem de 52 a 48 por cento.
Outra pesquisa, realizada pelo instituto Ipsos-MORI na quarta e quinta-feira, também colocou a campanha pela permanência na UE na liderança com 54 por cento, ante 46 por cento pela saída.
Nigel Farage, chefe do Partido de Independência do Reino Unido e principal voz a favor da saída da UE, disse à Sky News que não espera estar do lado vencedor.
"Foi uma campanha extraordinária, a participação (dos eleitores) parece ter sido excepcionalmente alta e parece que o 'fica" irá vencer", disse Farage, no que foi classificado como um reconhecimento da derrota.
O antigo primeiro-ministro e ex-ministro da Coordenação Económica de Cabo Verde Gualberto do Rosário considera que uma eventual saída do Reino Unido da União Europeia terá consequências.
Após a segunda guerra mundial, os países europeus decidiram pela criação de uma comunidade tendo por pressuposto a construção de uma europa unida para garantir a paz.
Reino Unido, França e Alemanha foram os promotores da iniciativa e foi sobre esses três vectores que se construiu o que é hoje a União Europeia.
"Caso o Reino Unido sair, a Europa fica sem um dos vectores importantes, deixando o centro da decisão nas mãos da França e Alemanha, mas na verdade no vector alemão", explica Rosário, lembrando que a UE perderá muito da sua força.
No mundo globalizado como o actual, a ambição de todo o país é estar num espaço, seja político, económico, social e de regulação.
Para o também presidente da Câmara de Turismo de Cabo Verde, o Reino Unido vai ter ainda outras perdas, "nomeadamente a nível da liberdade de circulação de mercadorias, com todas as consequências que isso acarreta para a economia do próprio país".
Gualberto do Rosário não vislumbra qualquer vantagem numa eventual saída do Reino Unido da UE, para além "do nacionalismo, que é bem visível na campanha actual, com o apelo ao regresso do passaporte e da independência".
Na conversa com a VOA, aquele especialista considera que "ninguém perde passaporte com a integração" e esta é, para Rosário, a opção para que os países sejam mais fortes.
Caso os britânicos decidam pela saída da União europeia, dificilmente haverá outros movimentos semelhantes, na óptica do antigo primeiro-ministro cabo-verdiano, Gualberto do Rosário.
O anúncio do resultado do referendo deve ser feito nesta sexta-feira, 24.