BRASIL —
Quase 140 milhões de brasileiros vão urnas para escolher prefeitos e vereadores no próximo domingo, 7. As eleições municipais brasileiras coincidem com o ponto alto do julgamento de um dos maiores escândalos de corrupção da história recente do país.
Enquanto os brasileiros votam no pleito, que, de certa forma, abre a campanha para as eleições presidenciais dois anos mais tarde, sentam no banco dos réus os políticos, do Partido dos Trabalhadores (PT), acusados de terem comandado o esquema que ficou conhecido como “mensalão”.
O núcleo político do esquema envolve grandes nomes do governo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, sendo o principal deles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. O homem da linha de frente da gestão é acusado de ter chefiado o esquema de compra de apoio político para o governo no Congresso, entre outras transações ilícitas.
A coincidência da eleição 2012 com o julgamento do mensalão leva políticos e analistas as discussões sobre os possíveis efeitos dos dois processos estarem acontecendo ao mesmo tempo. A pergunta que fica no ar é se a exposição do escândalo vai interferir diretamente do voto do brasileiro nestas eleições, principalmente, no caso dos votos que seriam para os candidatos petistas.
Cientistas políticos divergem sobre essa resposta. Alguns não acreditam na mudança de voto do eleitor por causa do julgamento. Já outros, acham que a exposição negativa de tantos políticos não deixaria de afetar, principalmente, os candidatos do Partido dos Trabalhadores. Para esse grupo, a dificuldade que muitos petistas enfrentam em várias cidades brasileiras para tentarem se eleger já seria resultado disso.
A se julgar pela maior cidade brasileira, São Paulo, o “mensalão” não estaria impactando as eleições. De acordo com pesquisa do Instituto Data folha, divulgada na última semana, o julgamento não interfere no voto do eleitor paulistano. 81% do eleitorado de São Paulo não mudaram o voto por conta do julgamento no Supremo Tribunal Federal.
Para muitos analistas, se o “mensalão” vai fazer ou não o brasileiro mudar de voto, só será possível saber nas urnas. Mas, um reflexo do escândalo de corrupção é certo e já pode ser percebido nessas eleições: o desânimo do eleitorado.
Para o cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bruno Wanderley Reis, os episódios dos últimos anos deixaram os brasileiros completamente desconfiados da classe política em geral.
“Na medida em que as eleições se dão num contexto de sucessão de escândalos, julgamento, as pessoas ficam mais ressabiadas, refratárias," afirma.
“Acho que esses anos ensinaram a todos nós que agente deve desconfiar, não deve se pautar pela reivindicação de honestidade de a, b ou c. Corrupção é uma praga. O que é preciso saber é o que cada governante pretende fazer como medida contra a corrupção,” completa o analista político.
Mas, para o cientista político esse sentimento de descrença com os políticos não é de todo negativo. “Eu acho que uma coisa saudável que anda acontecendo é que ninguém mais acredita que existirá uma turma de pessoas do bem e outra uma turma de pessoas do mal. Não é assim que funciona. Havendo oportunidades, sem a fiscalização adequada e com brechas na legislação sempre vamos ter oportunistas que vão tratar de aproveitar disso.”
“Parte de certa desconfiança do eleitorado tem a ver com o fato que hoje em dia tende-se a dar um desconto para o discurso de quem quer que seja. E no fim das contas isso não é mal. Desconfiar de discurso de político é sinal de maturidade.”
A ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem demonstrado preocupação com o impacto negativo do julgamento sob os eleitores, que têm-se mostrado desanimados com a classe política.
A ministra chegou a fazer um apelo para que o brasileiro veja o julgamento de casos de corrupção pelo lado positivo, sob o foco da esperança de dias melhores.
“Há muitos bons políticos e a política precisa, cada vez mais, melhorar. O julgamento dá o testemunho de que no Estado de direito, a política é sim necessária para qualquer lugar desse planeta”, afirma. “O meu voto não é, absolutamente, um sinal de qualquer desesperança na política. Na verdade, é a crença na política e na necessidade de que todos os servidores públicos cumpram as leis com mais rigor do que todo mundo,” afirma Carmem Lúcia.
Enquanto os brasileiros votam no pleito, que, de certa forma, abre a campanha para as eleições presidenciais dois anos mais tarde, sentam no banco dos réus os políticos, do Partido dos Trabalhadores (PT), acusados de terem comandado o esquema que ficou conhecido como “mensalão”.
O núcleo político do esquema envolve grandes nomes do governo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, sendo o principal deles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. O homem da linha de frente da gestão é acusado de ter chefiado o esquema de compra de apoio político para o governo no Congresso, entre outras transações ilícitas.
A coincidência da eleição 2012 com o julgamento do mensalão leva políticos e analistas as discussões sobre os possíveis efeitos dos dois processos estarem acontecendo ao mesmo tempo. A pergunta que fica no ar é se a exposição do escândalo vai interferir diretamente do voto do brasileiro nestas eleições, principalmente, no caso dos votos que seriam para os candidatos petistas.
Cientistas políticos divergem sobre essa resposta. Alguns não acreditam na mudança de voto do eleitor por causa do julgamento. Já outros, acham que a exposição negativa de tantos políticos não deixaria de afetar, principalmente, os candidatos do Partido dos Trabalhadores. Para esse grupo, a dificuldade que muitos petistas enfrentam em várias cidades brasileiras para tentarem se eleger já seria resultado disso.
A se julgar pela maior cidade brasileira, São Paulo, o “mensalão” não estaria impactando as eleições. De acordo com pesquisa do Instituto Data folha, divulgada na última semana, o julgamento não interfere no voto do eleitor paulistano. 81% do eleitorado de São Paulo não mudaram o voto por conta do julgamento no Supremo Tribunal Federal.
Para muitos analistas, se o “mensalão” vai fazer ou não o brasileiro mudar de voto, só será possível saber nas urnas. Mas, um reflexo do escândalo de corrupção é certo e já pode ser percebido nessas eleições: o desânimo do eleitorado.
Para o cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bruno Wanderley Reis, os episódios dos últimos anos deixaram os brasileiros completamente desconfiados da classe política em geral.
“Na medida em que as eleições se dão num contexto de sucessão de escândalos, julgamento, as pessoas ficam mais ressabiadas, refratárias," afirma.
“Acho que esses anos ensinaram a todos nós que agente deve desconfiar, não deve se pautar pela reivindicação de honestidade de a, b ou c. Corrupção é uma praga. O que é preciso saber é o que cada governante pretende fazer como medida contra a corrupção,” completa o analista político.
Mas, para o cientista político esse sentimento de descrença com os políticos não é de todo negativo. “Eu acho que uma coisa saudável que anda acontecendo é que ninguém mais acredita que existirá uma turma de pessoas do bem e outra uma turma de pessoas do mal. Não é assim que funciona. Havendo oportunidades, sem a fiscalização adequada e com brechas na legislação sempre vamos ter oportunistas que vão tratar de aproveitar disso.”
“Parte de certa desconfiança do eleitorado tem a ver com o fato que hoje em dia tende-se a dar um desconto para o discurso de quem quer que seja. E no fim das contas isso não é mal. Desconfiar de discurso de político é sinal de maturidade.”
A ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem demonstrado preocupação com o impacto negativo do julgamento sob os eleitores, que têm-se mostrado desanimados com a classe política.
A ministra chegou a fazer um apelo para que o brasileiro veja o julgamento de casos de corrupção pelo lado positivo, sob o foco da esperança de dias melhores.
“Há muitos bons políticos e a política precisa, cada vez mais, melhorar. O julgamento dá o testemunho de que no Estado de direito, a política é sim necessária para qualquer lugar desse planeta”, afirma. “O meu voto não é, absolutamente, um sinal de qualquer desesperança na política. Na verdade, é a crença na política e na necessidade de que todos os servidores públicos cumpram as leis com mais rigor do que todo mundo,” afirma Carmem Lúcia.