O Governo brasileiro ainda tenta entender a extensão do efeito que as medidas norte-americanas de aumento das taxas de importação do aço e do alumínio podem ter para o país, mas já considera medidas de retaliação que podem até ser imediatas, disse à Reuters uma alta fonte do Ministério das Relações Exteriores.
“Não se exclui nada, nem contra-medidas”, disse a fonte, adiatando que são necessárias mais informações.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o aumento de taxas de importações de 25 por cento para aço e 10 por cento para alumínio, mas abriu excepções ao México e Canadá, enquanto decorrem as negociações em torno do Nafta.
Trump, no entanto, admite excepções a países que queiram negociar.
Uma análise inicial das medidas poderia deixar todas as empresas brasileiras fora da exportação de aço para o mercado norte-americano, já que uma tarifa anunciada tornaria o aço brasileiro pouquíssimo competitivo.
A fonte da Reuters adiantou que o Governo brasileiro vai tentar entender melhor as medidas e negociar.
“Vamos negociar até porque essa é a nossa tradição”, disse.
O ministro interino da Indústria, Comércio e Serviços, Marcos Jorge confirmou à Reuters que o Governo brasileiro tentará negociar para o país não ser abrangido pela medida.
Um pedido de consultas na Organização Mundial do Comércio (OMC) com abertura de painel é uma opção imediata, analisou a fonte, mesmo que haja uma negociação paralela.
Assim como medidas de retaliação mesmo sem uma decisão da OMC, que costuma levar alguns anos.
A União Europeia já admitiu contra-medidas imediatas, com base em resoluções da OMC.
Em 2017, o Brasil exportou 4,7 milhões de toneladas de aço para os EUA, segundo dados da entidade que representa as siderúrgicas brasileiras, IABr. Segundo a entidade, 80 por cento desse volume correspondeu a aço semiacabado, que é insumo de usinas de laminação norte-americanas.