A chamada terceira via no Brasil, alternativa ao antigo Presidente Lula da Silva e o actual Jair Bolsonaro, sofreu uma importante baixa na quinta-feira, 31, quando o antigo juiz Sergio Moro, o magistrado que condenou Lula à prisão, desistiu de concorrer à presidência da República.
Moro aparecia com cerca de 10% das intenções de voto nas últimas pesquisas, oscilando entre o terceiro e o quarto lugar na corrida presidencial.
De repente, Sergio Moro optou pelo "pragmatismo", segundo ele, e decidiu trocar de partido, saindo do Podemos para o União Brasil, que tem mais de 800 milhões de reais (150 milhões de dólares) em fundo eleitoral e presença garantida em todos os municípios do país.
O comando do novo partido, no entanto, não garantiu o ex-juiz como candidato a Presidente.
Junior Bozella, vice-presidente do União Brasil, disse que Moro é filiado como qualquer outro e precisa passar pela avaliação do partido.
“A partir do momento que você entra num partido, você começa o jogo do zero. Faz parte e é assim que funciona”, afirmou Bozella.
Para os analistas políticos, Moro tinha um eleitorado concentrado na parte mais rica da sociedade brasileira, mas não conseguia se viabilizar nas classes mais baixas.
O cientista político Rodrigo Prando acredita que o ex-juiz vai focar na carreira política como deputado federal à procura de ganhar capital político para o futuro.
“Sergio Moro estava numa caminhada de construção a um cargo que já está polarizado entre Lula e Bolsonaro. Será uma disputa difícil”, avalia, Prando, acrescentanto que “Moro muda de estratégia e vai buscar uma vaga como deputado com o desejo de ser um dos mais votados do país”.
Com a saída de Moro, há o chamado espólio eleitoral, quando os votos se dividem entre os candidatos.
Para aquele professor, Bolsonaro e o candidato do PSDB, João Doria, serão os maiores beneficiados.
“Nesse momento, os votos não necessariamente irão todos para Bolsonaro. Podem também chegar a João Doria. O cenário menos provável é Lula e Ciro”, diz, mas diz não descarta também, "com a mudança de partido, que ele tente uma vaga como vice-presidente na candidatura de Doria”.
O governador de São Paulo até ontem João Doria, inclusive, também esteve prestes de desistir da candidatura à Presidência, mas voltou atrás e vai continuar na corrida.