Gerrard Mendes é o seu nome de baptismo, mas poucos o conhecem como tal.
Entretanto, Boy Gé Mendes é um nome de referência na música cabo-verdiana, ao ter conseguido sons e variantes equilibrados entre a música tradicional, que ouviu através de uma avó e da rádio que os país compraram apenas para ouvir notícias e música de Cabo Verde, e as influências recebidas em Dacar, onde cresceu, e dos países vizinhos.
Natural de Dacar, a música das ilhas chegou-lhe através de uma avó que viveu durante um ano com a família e da rádio, mas também da comunidade cabo-verdiana onde cresceu.
Depois de formar o primeiro grupo musical na capital senegalesa ainda na adolescência, junto com o irmão Jean-Claude, Boy Gé Mendes voaria para Paris para arrancar numa carreira profissional, ao formar o grupo Cabo Verde Show, com o próprio irmão, Eça Monteiro, John Matias, Luís Silva e Manu Lima.
O grupo marcou a música feita fora das ilhas e passou a ser constantemente requisitado para actuar no arquipélago e nas comunidades emigradas.
Boy Ge Mendes destaca-se pela sua sonoridade, pelo afluir de influências.
As letras falam da saudade, de Cabo Verde visto por um emigrante, do amor, da cretcheu, mas também da espiritualidade.
"Ninguém", "Riqueza & valor", "Mindel", "Grito di bo fidj, "Sururu", "Di Oro (com Manu Lima, 1996), "Da li da la", "Cé la vida", "Assim não", "Lagoa", "Joia", "Noite de Morabeza são alguns dos seus sucessos que constituem uma referência na música cabo-verdiana.
Aos 63 anos, Boy Gé Mendes actuou no passado dia 15 em Washington no Banco Mundial, uma organização da Sociedade Africana do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.
Em conversa com a VOA, Boy Gé, como é conhecido pelos mais próximos, afirma-se como um "artista universal", que continua a cantar em crioulo.
A caminho está um novo álbum mas não dá detalhes, nem revela se o filho Mika Mendes, com quem tem actuado, vai partcipar da próxima produção.
Quanto aos temas, "há mais fusões, há que temas que o Boy Gé continua a cantar quando fecha os olhos e pega na guitarra", conta.
Boy Gé Mendes, que introduziu arranjos muito próprios na música cabo-verdiana, vê com bons olhos os novos valores musicais africanos.
Se ele foi um inovador, também não critica ninguém e lembra, por exemplo, "que a música tradicional de Cabo Verde, que veio da cumbia, continuará a ter o seu espaço".
O autor de Beijo de Longe, imortalizado por Cesária Évora e que em 2014 conheceu novos palcos ao ser interpretado pela ícone da música cubana nos Estados Unidos, Glória Stefan, e o mítico Carlos Santana, no último álbum do guitarrista, Corazón, sonha com uma África de "abundância para todos",
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Veja a festa animada por Boy Gé Mendes na sede do Banco Mundial em Washington DC (no final do vídeo)