O activista cívico guineense, Lesmes Monteiro, espancado na semana passada por indivíduos não identificados, falou hoje, em exclusivo, à Voz da América. Uma entrevista ao nosso correspondente em Bissau a partir do local onde se encontra refugiado desde o passado dia 14.
Lesmes Monteiro começou por descrever as circunstâncias em que foi espancado: ”quando eu estava a regressar da casa, fui surpreendido por um grupo de pessoas que rebentaram o vidro do carro. Tentaram-me arrancar do carro com violência. Tentaram-me desferir com a faca, acertaram-me, mas não foi tão grave. E quando me tentavam empurrar para fora do recinto da minha casa, a minha esposa sentiu o barulho e saiu, gritando e ai fugiram. Esta foi a minha salvação”.
Dai, a esposa e um amigo levaram-no para o hospital principal da capital, donde saiu mais tarde para uma clínica privada, por razões de segurança.
Lesmes Monteiro afirma que vai interpor uma acção judicial contra o primeiro-ministro guineense, por este ter declarado, recentemente, que o espancamento de que foi alvo, tem a ver com ajustes de contas entre os membros do seu movimento: “é uma declaração infeliz e infundada. Ele tem habituado as pessoas as declarações caluniosas e posso até dizer que são declarações de infantilidade. Vou apresentar uma queixa crime contra o primeiro-ministro. E ele terá que provar na justiça que as suas de declarações correspondem à verdade”.
O activista do Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados insurgiu-se contra o discurso do Presidente, José Mario Vaz, em como, há liberdades de manifestação, de imprensa e de expressão, no país, e que ninguém chegou a ser espancado durante a sua magistratura: ”primeiro...ou o presidente da república está num mundo isolado. Ele deve estar numa ilha, pois tem tido declarações que aos olhos da realidade guineense é uma simples utopia. A segunda...deve estar a agir de forma hipócrita”.
Lesmes Monteiro reafirmou a sua determinação em continuar a sua luta contra o Presidente da República, a quem responsabiliza pela crise politica. Contudo, disse a Voz da América, a partir do seu esconderijo, temer pela vida da sua família: “eu temo na verdade, porque na Guiné-Bissau ninguém está seguro. Eu compreendo o risco. Ao longo dos últimos tempos eu tenho preparado a minha família para poder lidar com esta situação e eventuais situações mais graves”.
O activista vai juntar-se aos colegas na manifestação de amanhã, com o propósito de pressionar o presidente da república a renunciar às suas funções.