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Angola: Bispos voltam a pedir transparência nas eleições e destacam importância de observadores


Líderes da CEAST recebidos pelo governador de Benguela, Luís Nunes, 31 Janeiro 2022
Líderes da CEAST recebidos pelo governador de Benguela, Luís Nunes, 31 Janeiro 2022

CEAST defende estado de emergência para combater a fome e alerta para necessidade de reconciliação nacional

A primeira Plenária Anual da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) terminou nesta segunda-feira, 7, na província de Benguela, com um apelo à transparência nas eleições gerais, tal como tinha acontecido na abertura dos trabalhos, no passado dia 1, e com pedidos para a presença de observadores internacionais.

Bispos da CEAST pedem eleições livre em Angola - 2:57
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No final dos trabalhos, o porta-voz da CEAST, Dom Belmiro Chissengueti, salientou que a igreja trabalha por um processo inclusivo, sem preferências quanto ao vencedor.

“As eleições devem ser internacionalmente observáveis. Mas lá onde cada um estiver deve ser observador eleitoral, procurando trabalhar para a lisura do processo. A igreja pode dar o seu contributo, mas a parte essencial é o povo, que deve evitar o absentismo, fazer o seu registo e ver que documentos são necessários”, indicou.

O porta-voz, igualmente bispo de Cabinda, também se referiu à polémica em torno da contagem dos votos, que revelou posições contrárias entre o MPLA, no poder, e a oposição.

“É evidente que a legislação eleitoral é muito confusa neste aspecto, mas o melhor era, efectivamente, a contagem nas mesas, nos municípios e nas províncias, e depois fazer o total nacional”, sugeriu o bispo.

Ainda neste aspecto, o presidente da CEAST e arcebispo de Saurimo, José Manuel Imbamba, lembrou que o processo eleitoral é completo mas destacou aspectos a se ter em conta: “dever de igualdade de tratamento das candidaturas e do que a estas estejam licitamente associado, a liberdade de expressão e informação no marco da lei, a liberdade de reunião e de manifestação, direito de tratamento imparcial pela toda comunicação social”.

Pobreza e violência

No plano social, a primeira Assembleia Plenária da CEAST reiterou que só com humildade as autoridades decretam estado de emergência, tendo em conta o cenário de fome

“Por um lado, a ajuda para se suprir situações de emergência, mas também para que sejamos ajudados a aprender a produzir aquilo que nós consumimos. Temos um grande país, abençoado com rios, terra, por isso devemos ser também exportadores, não apenas consumir o que recebemos”, argumentou Dom Belmiro.

Os líderes católicos mostraram-se também preocupados com o “desemprego galopante, a degradação de hábitos e costumes, vazio do diálogo entre os partidos e a sociedade civil, assim como a seca e a fome no sul do país”.

“Tendo em conta os últimos sinais de violência, o processo de reconciliação deve ser uma prioridade para o nosso país”, defendeu o porta-voz Dom Belmiro.

Os bispos pediram a definição de um calendário eleitoral para as autarquias, cientes de que a sua institucionalização ajuda a edificar a democracia, até porque, como realçam, ninguém está predestinado a governar nem a fazer parte da oposição.

Entre outras conclusões, constam a necessidade de combate à corrupção como medida para ajudar os pobres, uma imprensa despartidarizada e mais diálogo entre governantes e governados.

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