Muitos americanos poderão interpretar o debate, desta quinta-feira, 27, entre o Presidente Joe Biden e o antigo Chefe de Estado, Donald Trump, como a repetição do confronto entre os dois no verão de 2020
No entanto, na verdade, este é um debate que pode marcar a campanha para a eleição presidencial de 5 de novembro.
O debate marca a primeira vez que Biden e Trump estarão na mesma sala desde a última vez que debateram em outubro de 2020.
Nos últimos dias, Trump troçou da preparação do debate de Biden e sugeriu que o Presidente precisa de apoio médico para superar o encontro entre os dois.
“Neste momento, o corrupto Joe foi para uma cabana de madeira para ‘estudar’”, enquanto imitava aspas com as mãos, acrescentando que “ele está dormindo agora, porque eles querem deixá-lo bem e forte”.
Trump há muito afirma que Biden não consegue juntar “duas frases”.
Mais recentemente, porém, ele tem preparado os seus apoiantes para a possibilidade de que Biden possa ser mais do que o velho trémulo que Trump o retratou.
“Presumo que ele será alguém que será um debatedor digno”, disse Trump a um entrevistador, e que “não quero subestimá-lo”.
Por sua vez, em meados de maio, pouco antes de o debate de quinta-feira ser acordado, Biden disse que “Donald Trump perdeu dois debates para mim em 2020”
”Desde então, ele não apareceu para nenhum debate”, acrescentou o Presidente.
Trump não foi a nenhum dos debates contra opositores republicanos no processo de nomeação presidencial do partido, no início deste ano.
“Agora ele está a agir como se quisesse debater comigo novamente”, disse Biden.
É provável que Trump acuse Biden de gerir mal a economia e de controlar negligentemente a fronteira sudoeste dos EUA com o México, permitindo que milhares de migrantes entrassem nos Estados Unidos antes de Biden recentemente ter reforçado as restrições de entrada.
O agora candidato republicano afirmou que os gastos excessivos do Governo no início da Presidência de Biden aumentaram os preços ao consumidor a uma taxa anual de mais de 9%, comprimindo drasticamente os orçamentos familiares para alimentos, gasolina e outras necessidades, embora a taxa tenha caído substancialmente desde então, para 3,3% em maio.
Por sua vez, Biden provavelmente apontará que Trump é agora um criminoso condenado, culpado de 34 acusações, no mês passado, ligadas a uma tentativa de influenciar o resultado da sua bem-sucedida campanha presidencial de 2016, ao falsificar registos de um pagamento secreto a uma estrela pornográfica.
Além disso, o democrata certamente lembrará aos eleitores que Trump enfrenta três outras acusações, incluindo duas que alegam que o ex-Presidente tentou ilegalmente reverter a derrota nas eleições de 2020.
É provável que Biden também atribua a nomeação de três juízes conservadores por Trump para a Supremo Tribunal a responsabilidade pela decisão de 2022 de anular o direito constitucional ao aborto de quase cinco décadas.
Biden tem alertado que se Trump ganhar levará a cabo os seus planos de “retaliação” contra os seus inimigos políticos, uma ameaça à democracia americana.
Muitos analistas políticos dizem que milhões de americanos já escolheram em quem vão votar.
Para os independentes que ainda não decidiram, ou talvez para aqueles que não acompanharam de perto a disputa, o debate pode ser determinante ou, pelo menos, pode apontar-lhes a direção de um ou de outro.
Um segundo debate está marcado para 10 de setembro.
Mais de 73 milhões de pessoas assistiram ao primeiro debate Biden-Trump, em 2020, que se transformou num festival de gritos, duramente criticado por analistas políticos como possivelmente o pior debate presidencial de sempre, porque ambos os candidatos frequentemente interrompiam o outro.
O segundo encontro foi mais civilizado.
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