A Polícia Nacional (PN) na província angolana de Benguela anunciou a abertura de um inquérito para apurar a morte de um militante da UNITA em consequência de uma granada lançada pelos seus agentes antes da marcha de apoio ao recém-eleito presidente do partido, Adalberto Costa Júnior, realizada no sábado, 11.
A corporação acrescenta ter pedido uma autópsia ao corpo e justifica a sua reacção com " desacato" da UNITA, que, por sua vez, acusa a polícia de “terrorismo de Estado”, enquanto o MPLA mobiliza milhares de pessoas sem qualquer problema.
O deputado e secretário provincial da UNITA, Adriano Sapiñala, diz que “tudo o que aconteceu seria evitável se houvesse ponderação da polícia”, em referência a um morto e dois feridos na sequência da acção polícial.
“Todos os partidos políticos, à luz da Constituição, devem ser tratados da mesma maneira, mas há aqui um tratamento diferenciado. Por isso digo que a Polícia não se pode posicionar como uma força concorrente, não somos, eles são uma força do Estado”, sublinha Sapiñala.
A PN, em comunicado distribuído à imprensa, usou o decreto presidencial, com restrições impostas pela pandemia para assinalar que a UNITA devia estar concentrada num espaço ao invés de marchar.
Entretanto, centenas de mototaxistas, a troco de dez mil kwanzas cada, fizeram uma marcha de apoio ao Presidente da República e do MPLA, João Lourenço, promovida pela associação Jovens Solidários, sem qualquer incidente.
A nota assinada pelo porta-voz do Comando Provincial, Ernesto Chiwale, diz ter aberto inquérito para apurar as causas do sucedido.
Chiwale assume que a corporação fez recurso a artefactos não letais e revela ter solicitado uma autópsia ao cadáver, a fim de saber se há ligação da morte ao cenário descrito pela UNITA.
Eugénio Pessela, de 41 anos, foi atingido no peito com uma granada de gás lacrimogéneo, na marcha de saudação ao XIII Congresso Ordinário da UNITA, e outras duas pessoas ficaram feridas, por acção da polícia, segundo aquele partido.