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Benguela: Militantes do MPLA criticam ligações de obras públicas a empresas do governador


 Luis Nunes
Luis Nunes

Militantes do partido no poder em Angola, o MPLA, criticaram, em reunião acompanhada por representantes do Bureau Político (BP), na semana~passada, o que consideram ser um excesso de obras entregues a empresas com ligação ao governador e primeiro secretário provincial em Benguela, Luís Nunes, apurou a VOA.

Companhias ligadas ao governador de Benguela levantam controvérsia - 1:48
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O chefe do Grupo de Acompanhamento para Benguela, Jorge Dombolo, membro do BP, diz que não vai interferir na gestão de Luís Nunes, mas promete registar e levar todas as preocupações à estrutura central do partido.

À chegada a Benguela, há quase dois anos, o governador provincial garantia que as suas empresas executariam apenas obras de subordinação central, nunca as inscritas no orçamento local.

A realidade mostra que isso é verdade mas militantes do MPLA, conforme apurou a VOA, manifestaram desagrado pela forma como são distribuídas as obras do programa emergencial, avaliado em 415 milhões de Euros, numa reunião, à porta fechada, com muitas intervenções.

Levantamentos feitos indicam, por exemplo, que o Grupo Omatapalo está em diferentes empreitadas, na reparação de vias, de edifícios e em obras no sector das águas, para o qual fornece produtos químicos usados no tratamento do precioso líquido.

Na iluminação pública está uma firma que faz parte deste conhecido grupo empresarial angolano, a Siema, Sociedade de Instalações Eléctricas e Mecânicas, detida por Luís Nunes e o empresário Ricardo Miguel Ramos da Silvia, conforme registos oficiais.

Abordado a propósito do debate no MPLA, o governador de Benguela aceita as críticas, mas lembra que há um financiador internacional, a empresa ASGC, do Reino Unido.

“O MPLA é assim, nós aceitamos críticas e auto-críticas”, disse Nunes, acrescentando que “os 415 milhões … tem uma empresa estrangeira que financiou, é a dona das obras”.

“Mesmo assim pedimos que sub-contratem as locais, com capacidade para fazer, até porque a prioridade é deixar o dinheiro, não é levar”, acrescentou o governador.

Já o chefe do Grupo de Acompanhamento para Benguela, Jorge Dombolo, realça que Luís Nunes está a cumprir algo há muito estabelecido

“Eu não posso interferir na governação do senhor governador, ele é que sabe, ele está a cumprir aquilo que ficou estabelecido”, disse, Dombolo.

“Portanto … eu sei que me foram mostrar as obras em prol da população e devemos valorizar isso”, refere aquele político, antes de salientar que “vamos registar aquilo que temos estado a ouvir”.

O analista José Cabral Sande duvida que Jorge Dombolo apresente tais preocupações a João Lourenço, Presidente da República e do partido.

“Se ele (Presidente da República) é que entrega obra sem concurso público … tem conhecimento. Aliás, ele respondeu a essa questão agora quando esteve na VOA. Não acredito que Dombolo tenha coragem suficiente para colocar esse problema ao Presidente, foi apenas um exercício político, não vai passar disso”, vaticina Sande.

Na semana passada, foi inaugurada uma via que passa por três avenidas, no município-sede, uma alternativa na ligação Benguela/Lobito.

Não foram revelados os custos da obra, inscrita neste programa emergencial.

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