A UNITA, líder da oposição em Angola, revela que falhou, na última semana, devido a sinais de tumulto, a tentativa de regresso de centenas de militantes seus a uma zona do município de Benguela, província com o mesmo nome, 17 meses após uma fuga motivada pelo que chama de intolerância política.
O partido acusa grupos do MPLA de retirada de duas bandeiras no bairro 23 de Março, onde estiveram agentes da Polícia Nacional, naquele que considera ter sido o sinal de que o regresso teria de ser adiado, permanecendo os militantes longe das suas casas.
Em Dezembro de 2021, confrontos entre militantes da UNITA e do partido no poder, como reportou a Voz da América, provocaram feridos e destruição de casas e comités partidários, com acusações de violência feitas pelas duas partes.
Hoje, pouco depois do mês dedicado à paz e reconciliação nacional em Angola, 4 de Abril, o secretário comunal do “galo negro” na zona D, Anastácio Pepeca, diz que grupos de militantes do MPLA continuam a inviabilizar o regresso.
Ele acusa o coordenador zonal de estar a preparar actos de intimidação, o seu partido espera por uma posição da Polícia antes de um eventual recurso aos tribunais.
“Nós deixámos lá as pessoas, a Polícia esteve lá na semana passada, mas as famílias voltaram a sair porque ele (coordenador) prometeu retaliar, e já existiam amontoados de grupos ao redor do bairro. Amanhã vamos ao Comando da terceira esquadra, se não for resolvido vamos a tribunal”, indicou o secretário, acrescentando que “duas bandeiras nossas foram retiradas”.
A Voz da América continua a aguardar um pronunciamento da Polícia, como prometido pelo Comando Provincial, a propósito da situação no 23 de Março.
O coordenador de zona e membro do MPLA, Severino Domingos, em declarações à Rádio Ecclésia, fala em oportunismo de militantes da UNITA, salientando que o bairro das famílias em causa deve ser um outro.
“Se fosse o que eles estão a dizer … eles estão a se juntar, pessoas que nunca viveram aqui, estão a chamar pessoas do Calohombo, se calhar do Cubal. Isto para dizer que são muitos, o bairro só está há dois anos e tem desenvolvimento, o deles não é aqui, é onde está o comité deles”, argumenta o coordenador.
Arrendamentos e familiares são a alternativa dos cidadãos que tencionam regressar ao bairro.
Observadores políticos acreditam que os dois maiores partidos pretendam a hegemonia política numa zona que vem crescendo em termos demográficos.
Se o Governo central, por ocasião do 4 de Abril, reafirmou a importância de um clima de paz entre os angolanos, já neste domingo, numa mensagem de saudação, o Presidente João Lourenço disse que a cultura de paz deve ser cultivada a partir das famílias.
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