Em apelos dirigidos ao Presidente angolano, gritou-se pela destituição do governador de Benguela, Rui Falcão, no último final de semana, numa manifestação que coincidiu com melhorias no sector da energia, um dos vários que deram azo à iniciativa de jovens do auto-denominado movimento revolucionário.
A manifestação, para a qual acorreram centenas de cidadãos, foi autorizada precisamente pelo governador provincial, acusado de falta de sensibilidade e incompetência para tantos problemas sociais.
O grito dos manifestantes foi ouvido longe das ruas mais movimentadas, uma vez que a Polícia alterou o percurso, para a insatisfação dos promotores, segundo Emerson Marcos, que olha já para o dia seguinte a este exercício da cidadania.
‘’Mudou-se o percurso para que nós passássemos por zonas com menos visibilidade. De qualquer forma, deu para marchar, daqui a alguns dias vamos fazer acções que não precisam de muito dinheiro. Por exemplo, os jardins estão secos, é preciso mudar. Fala-se muito de dinheiro, por isso o país foi de desvios’’, salienta aquela activista.
Perante este cenário, os participantes fizeram pedidos ao Presidente João Lourenço, não apenas pelo que é visto como caos social, mas também em nome de uma gestão participativa.
‘’A situação é lastimável, não há saneamento básico, água, luz, emprego. O senhor Presidente tem de ver bem, governar Benguela não é fácil, e o senhor governador, por outro lado, não tem boa relação com o povo’’, dizem algmas senhoras que estiveram na marcha.
O povo que ficou a saber, 24 horas antes da manifestação, da interligação emergencial de Benguela ao sistema eléctrico norte, o maior do país.
O feito, alcançado a 22 de Maio, leva o governador de Benguela a pensar em acções combinadas.
’Vamos ver na rede pública um novo desafio, é preciso melhorar a distribuição significativamente, por isso temos de trabalhar para conseguir estes recursos, que não são poucos. A rede de distribuição é dos anos 50 e 60, tem muitas insuficiências’’, admite Rui Falcão.
A interligação de Benguela ao sistema norte, que permite receber energia de Laúca, poupa 500 mil litros de gasóleo por dia e muitos mil milhões de kwanzas por mês.