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Benguela: Fábrica de tecidos reaparece sem matéria-prima


Empregados da antiga África Têxtil aguardam pela indemnização e há 90 novos trabalhadores.

O ressurgimento da fábrica de tecidos de Benguela, quase 20 anos após a falência que atirou para o desemprego mais de 300 operários da antiga África Têxtil, coincide com uma realidade capaz de dificultar a obtenção do algodão.

Num desafio à escassez de divisas, o Governo da província inaugurou na semana passada a agora denominada Alassola, forçada a importar a principal matéria-prima.

De cara lavada, graças ao investimento de480 milhões de dólares uma linha de crédito do Japão, mas a depender, pelo menos na fase inicial, da matéria-prima do exterior.

O economista Janísio Salomão, pesquisador e consultor empresarial, apresenta algumas reticências.

‘’Embora o Banco Nacional de Angola esteja a dar primazia ao sector empresarial público, devemos notar que esta disponibilização de divisas é feita de forma periódica. Pode-se dar a possibilidade de a fábrica precisar e não haver matéria-prima, o que representaria constrangimento’’, reforça aquele economica, para mais adiante admitir que não existem alternativas à falta de produção interna.

Também ouvido pela VOA, o representante da Associação Industrial Angolana na província de Benguela, Carlos Leiria, prefere acreditar nas intenções do Governo

‘’O tecido não é composto só por algodão, há vários tipos. É uma alternativa que o Governo encontrou, até porque existem vários campos de produção nacional de algodão que entrarão em fase de colheita’’, justifica, convicto de que a escassez de divisas será ultrapassada.

É neste contexto de optimismo e interrogações que o presidente do Conselho de Administração da Alassola, Tambwe Mucaje, lança os desafios da fábrica.

“Vamos produzir um milhão e 608 mil peças de lençóis por ano, 12 milhões de peças de toalha e 120 mil peças de cobertor. Temos alta tecnologia, este equipamento não se compara com o que andou por cá, na antiga África Têxtil’’, promete.

Refira-se que 90 jovens, formados por técnicos brasileiros, ganharam já o primeiro emprego.

Entretanto, os mais de 300 operários da antiga África Têxtil continuam à espera das indemnizações.

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