Os desalojados do bairro das Salinas, na província angolana de Benguela prosseguem os protestos apesar da polícia continuar a pressionar.
Após a suspensão do julgamento dos 14 ex-moradores das Salinas e da activista Sara Paulo, por falta de provas de desobediência e desacato às autoridades, os desalojados avisam que os protestos visam forçar um esclarecimento da Administração Municipal.
Os protestos, em curso há já quase duas semanas, visam despertar a Administração de Benguela, mas nem sempre é possível evitar choques com os agentes da ordem, como dizem mortadores
‘’Nós chegámos às cinco horas, a Polícia começou a nos empurrar para lá, para a rotunda, fez disparos. Lá (na escola) estamos numa pocilga, num curral, é sofrimento, continuamos a ser visitados por animais ferozes’’, lamenta um ex-morador.
Estes desabafos comoveram o jurista Francisco Viena, que assistia a tudo e que lamentou as ocorrências numa altura em que se aguarda por uma decisão judicial.
Viena atribui culpas a agentes da administração pública que fazem negócios de terrenos.
"Ao invés de ser uma pessoa de bem, transformou-se numa pessoa jurídica criminosa, delinquente. É permanente o conflito entre o Estado e os cidadãos, isto não pode’’, refere o advogado.
Tal como a Administração Municipal, a Polícia, acusada de excessos, opta pelo silêncio, mas o comandante provincial e delegado do interior, Aristófanes dos Santos, num conselho consultivo, disse que o agente deve respeitar direitos e liberdades dos cidadãos.
"Estão plasmados na nossa Constituição. É preciso que os efectivos policiais tenham bem presentes os limites da sua actuação. É precisar perceber o papel do agente em democracia’’, admite o comandante.