O modelo para eletrificação de Angola continua a causar algum debate entre especialistas e industriais com o investimento americano de dois mil milhões de dólares em energia solar a intensificar a discussão.
O investimento americano é parte de um projeto de eletrificação de 50% até 2027 e foi discutido no recente encontro entre os Presidentes Joe Biden e João Lourenço,
Num alerta para investimentos que coloquem a rede de distribuição à altura da produção, o técnico Cristóvão Tofo, um construtor de minihídricas, afirma que Angola deve ter capacidade para atrair dinheiro também para barragens hidroelétricas.
"Nós não devemos depender só de uma ou outra barragem, está errado, devemos construir várias, temos água, temos rios em todo o país", disse.
"É energia com poucos custos, não somos pobres em termos de recursos naturais. Portanto, os nossos planos devem ser criados por nós (...) Quando nos vendem a fotovoltaica eles vão ter uma linha de fornecimento de peças, vão continuar a explorar o mercado".
Já o presidente da Associação Industrial Angolana (AIA), José Severino, considera que as fotovoltaicas vão proporcionar ganhos, mas avisa que a rede de distribuição precisa de mexidas.
O economista lamenta que várias zonas económicas, sobretudo em Luanda, não tenham electricidade da rede pública devido a debilidades de um sistema com capacidade instalada superior a 6 mil megawatts, mas que aproveita abaixo de três mil.
"É evidente que será um grande ganho para as populações e vai permitir algum desenvolvimento agrícola e industrial", disse acrescentando contudo que "o consumo na agricultura e indústria leva mais tempo, o défice vai continuar alto".
Aquele industrial acrescenta que "quando nós temos postos caídos … o consumo baixa ainda mais, obrigando a serviços de manutenção da rede, sabendo-se já que o custo para levar a energia a uma família é astronómico, pode chegar a 12 mil dólares".
O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, ao abordar os caminhos para a eletrificação do país, anunciou que metade da população angolana terá energia dentro de 4 anos, numa empreitada com reflexos na distribuição.
"No âmbito da expansão da rede de distribuição, o grande objetivo é elevar a taxa a cinquenta por cento até ao final do mandato, o desafio é grande, devemos fazer cerca de 250 mil ligações domiciliares por ano”, explicou o governante que disse que para o governo "as prioridades são a periferia das grandes cidades, como Luanda e Benguela, mas também para as áreas mais recônditas".
Atualmente, segundo dados oficiais, a taxa de eletrificação do país anda em 40 por cento.
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