As autoridades cabo-verdianas confirmaram estar por resgatar seis corpos de migrantes que se encontram ao largo da praia de Água Doce, na ilha do Sal.
A forte ondulação e o vento têm dificultado o resgate dos corpos vistos na quarta-feira, 18, e que deviam estar na piroga que avariou-se na passada segunda-feira, 16, nas costas daquela ilha.
Na altura, foram encontrados 66 migrantes na embarcação, dos quais um veio a falecer, enquanto os demais encontram-se a receber assistência humanitária num estádio na cidade de Santa Maria.
A polícia continua a fazer o trabalho de identificação dos migrantes com vista à sua deportação, mas informações apontam que a esmagadoria maioria é do Senegal.
Entretanto, um farmacêutico senegalês radicado no Sal, que está a fazer a ponte entre os migrantes e as autoridades, disse à Rádio de Cabo Verde, que, de acordo com alguns dos que encontravam na piroga, eram cerca de 150 que partiram da cidade senegalesa de M´Bour, no dia 1 de novembro.
No caminho, um dos motores incendiou-se, provocando um caos total, e depois a piroga ficou à deriva, com muitos a se atirarem ao mar.
“Muitos outros corpos devem aparecer nos próximos dias”, acrescentou aquela fonte.
PR pede tratamento digno
Entretanto, o Presidente da República, que disse estar a acompanhar a situação, defende ser uma “responsabilidade moral do Estado de Cabo Verde” dar um tratamento digno a esses migrantes.
“Dentro das nossas possibilidades, devemos dar às pessoas o melhor tratamento possível e fazer todo o esforço possível para um tratamento digno”, defendeu Jorge Carlos Fonseca, quem ainda lamentou a existência e a falta de soluções para esse tipo de problemas.
“São fenómenos lamentáveis e tristes e para os quais a comunidade internacional tem de encontrar soluções, pessoas que fogem a condicoes de vida difíceis, miseráveis, desumanas, temos de trabalhar nas causas e procurar respostas também para as consequências que são terríveis”, sublinhou o Presidente cabo-verdiano.
Embora as autoridades continuem a investigar a origem e destino dos migrantes, tudo indica que eles pretendiam chegar à Europa.
Esta não é a primeira vez que embarcações precárias abarrotadas de migrantes encalham ou avariam-se em águas cabo-verdianas.