O Bloco de Esquerda (BE), em Portugal, diz que as autoridades do país não podem entregar a banca à família do Presidente angolano.
Num debate na Assembleia da República nesta terça-feira, 22, sobre o que chamou a banca portuguesa, a deputada do BE, Mariana Mortágua, afirmou que não se pode pensar "que o problema da espanholização da banca se resolve não fazendo nada e deixando o mercado funcionar ou entregando a banca portuguesa à família do poder angolano".
A deputada reagia a uma intervenção do deputado do PSD Carlos Costa Neves que introduziu o tema da banca numa declaração política.
Mortágua lembrou que o sistema financeiro é um bem público e um instrumento de soberania que "não pode ser alienado a capital angolano, nem a capital espanhol".
A parlamentar bloquista disse que o Governo de Portugal "tem de encontrar um equilíbrio e uma resposta para a estabilidade do sistema financeiro português e para garantir que nós temos o controle estratégico do sistema financeiro".
O deputado do PSD Carlos Costa Neves pediu ao Executivo sobre a eventual intenção de "desenhar ou redesenhar", "influenciar ou condicionar soluções" quanto à estrutura acionista da banca nacional.
A intervenção de Costa Neves surgiu em alusão à notícia divulgada este fim-de-semana segundo a qual o primeiro-ministro António Costa encontrou-se com a empresária angolana Isabel dos Santos, para ultrapassar o impasse no BPI.
O jornal português Expresso revelou na quarta-feira, 17, que o primeiro-ministro António Costa e Isabel dos Santos reuniram-se em Lisboa e terão conciliado posições com o grupo financeiro espanhol La Caixa, com a filha do Presidente de Angola a vender a sua participação no BPI aos espanhóis e o BPI a ceder as suas acções do banco angolano BFA a capitais angolanos.
Em reacção, o vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, na oposição, Leitão Amaro, enviou uma carta com um conjunto de oito perguntas a António Costa, onde os deputados laranjas tentam escrutinar se o processo negocial teve a intervenção pessoal do primeiro-ministro.
Para o PSD, o suposto envolvimento de Costa nas conversações revela “falta de imparcialidade e interferência, além da falta de transparência".