O Chefe de Estado das Comores, Azali Assoumani, foi eleito neste sábado, 18, em Addis Abeba, na Etiópia, presidente em exercício da União Africana (UA), substituindo assim Macky Sall, no Senegal.
No seu discurso inicial, Assoumani defendeu a necessidade de se acelerar a zona livre comércio de África, pediu o perdão da dívida pública do continente e apelou a uma solução aos problemas de segurança.
Assoumani considerou que "a crise entre a Rússia e a Ucrânia mostrou-nos que África tem de procurar a soberania e resiliência alimentar" e destacou a agilização do funcionamento em pleno do mercado livre.
Mas, para ele, "para que haja uma zona de livre-comércio de sucesso, é necessário, resolver os problemas de autossuficiência, os problemas de segurança e o impacto das alterações climáticas".
A eleição de Assoumani aconteceu na abertura da Cimeira de Chefes de Estado e de Governos da UA.
Líder controverso
Aos 64 anos, o sucessor de Presidente senegalês Macky Sall surgiu na cena política em 1999 graças a um dos muitos golpes que abalaram o pequeno arquipélago no Oceano Índico.
Entretanto, o antigo chefe do Estado-Maior do Exército, o coronel Azali Assoumani, intitula-se "um "profundo democrata", e explica que na altura que tomou o poder apenas o fez para evitar uma guerra civil, no meio de uma crise separatista com uma das ilhas daquele pobre país de cerca de 900 mil habitantes.
Mas só devolveu o poder aos civis em 2006, com relutância, ao abrigo de uma Constituição que estabelecia uma Presidência rotativa entre as três ilhas da União (Grande-Comore onde nasceu, Anjouan e Moheli).
Em 2016, Azali Assoumani regressa à política ao concorrer à Presidência e ganhou as eleições.
De volta ao palácio presidencial, em pouco tempo, ele dissolveu o Tribunal Constitucional, e mudou a Constituição para permitir que seja reeleito, em 2024.
Azali Assoumani também deteve dois seus principais opositores , incluindo o ex-Presidente Ahmed Abdallah Sambi por corrupção.
Depois de ficar em prisão preventiva por mais de quatro anos, Sambi foi condenado em Novembro à prisão perpétua por alta traição, após um julgamento classificado de injusto por várias organizações de defesa de direitos humanos.
Nascido a 1 de Janeiro de 1959, Azali Assoumani foi treinado na Real Academia Militar Marroquina de Meknes (1978-1981) e na Escola de Guerra de Paris (1985-1986).
Fórum