O MpD, partido no poder em Cabo Verde, perdeu quatro câmaras municipais e o PAICV, na oposição ganhou seis, enquanto a abstenção marcou uma forte presença nas eleições autárquicas de domingo, 24.
A pandemia da Covid-19, que já provocou 94 mortes e 8.332 casos, pode estar na origem da elevada abstenção, que, pelos primeiros resultados, pode ter rondado os 41,7% a nível nacional.
Mas na capital, por exemplo, a taxa chegou a 55 por cento.
Com a quase totalidade dos votos contabilizados, a nota de destaque foi a perda da principal câmara municipal do país, a da Praia na capital, pelo MpD, que dirigia a edilidade desde 2008.
Francisco Carvalho, do PAICV, sociólogo de profissão, derrotou Óscar Santos, que assumiu a autarquia depois de Ulisses Correia e Silva deixar a edilidade para concorrer nas legislativas de 2016, nas quais foi eleito primeiro-ministro.
O PAICV também recupera o seu tradicional bastião na ilha do Fogo, a cidade de São Filipe, que tinha perdido, pela primeira vez, em 2016.
Os resultados provisórios indicam que o partido liderado por Janira Hopffer Almada conquistou mais seis câmaras, mantendo no total 8 autarquias.
O MpD, partido que desde a instauração do poder local em 1992 dominou quase sempre as câmaras municipais, manteve 14 edilidades, nomeadamente em São Vicente e Santa Catarina de Santiago, o segundo e o terceiro maior centro urbanos do país, mas tudo aponta que vai ter de partilhar a gestão com outros partidos.
Janira Hopffer Almada, presidente do PAICV, agradeceu "a todos os cabo-verdianos pela confiança demonstrada" e lembrou que "a campanha foi uma luta desigual".
Por seu lado, o coordenador da campanha do MpD, Auntónio Maurício dos Santos, disse que “a democracia funcionou a democracia, perdemos algumas câmaras e ganhamos outras".
Estas são as oitavas eleições autárquicas no país e acontecem a seis meses das eleições legislativas e a um ano das presidenciais.