As autoridades angolanas estão a investigar o que terá causado a morte de várias pessoas, incluindo crianças, no bairro Kaop, em Viena, Angola. Os residentes locais e fontes médicas informam que a causa deverá ser a água imprópria para consumo.
Paulo Jorge, de 17 anos, Rebeca Estevão, de 24 anos, e Vado Ferreira Muhanda, de 19 anos, são algumas das vítimas, mas, segundo relatos, 38 crianças até aos 12 anos de idade morreram.
“Onde eu vivo são 38 pessoas que morreram num quarteirão”, disse Nelson Salengue, avô de uma das meninas internadas hospital do Zango, em Viana.
Salengue conta que no hospital lhe foi dito que o problema era causado pela água consumida pelas vítimas.
“Recebemos uma água muito turva, amarelada. Então, essa água é o que a gente consumiu. Estava turva e não bem tratada. Os sintomas são os mesmos, dores de barriga, febres altas e depois intestinos 'furado' que leva a óbito”, disse o cidadão.
O médico, Adriano Manuel, alerta que a situação pode ser crítica.
A empresa de fornecimento de água de Luanda, EPAL, ainda não reagiu às denúncias dos populares, mas o diretor do Gabinete Provincial da Saúde, em Luanda, Manuel Varela, confirmou, em entrevista a Voz da América, a criação de uma comissão epidemiológica para investigar as reais causas das mortes de crianças, no bairro da Kaop, em Luanda.
“A equipa do Ministério e da província estão lá, neste momento, a continuar a investigar. Só depois desses dados é que vamos ter propriedade para falar”, disse Varela, adiantando ainda que foram recolhidas amostras da água.
O jurista Manuel Cangundo fala de possíveis responsabilizações políticas e criminais caso se descubram os responsáveis pelas mortes das mais de 30 crianças.
“Se estivéssemos num país normal, certamente a esta hora nós estaríamos já a ver o Ministro de Energia e Água a responder a uma série de questões, se não mesmo neste momento, provavelmente já teria sido exonerado pelo Presidente da República”, disse.
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