O governo moçambicano suspendeu as operações da companhia mineira chinesa Haiyu, após denúncias de várias organizações de defesa dos direitos humanos e ambientais, entre as quais Amnistia Internacional e Justiça Ambiental.
Em causa está a exploração de areias pesadas na localidade costeira de Nagonha, província de Nampula, norte de Moçambique, que acontecia sem a observância da Lei Ambiental, segundo o ambientalista Hortêncio Lopes, da organização Livaningo, que fez vários estudos na região.
"A nossa Lei Ambiental estabelece que empresas desta natureza deviam obedecer aquilo que é o plano de impacto ambiental e acontece que a Haiyu Mozambique Minning estava com este plano bastante atrasado, ou seja não renovou na devida altura," disse Lopes.
Para a pesquisadora Fátima Mimbire, do Centro de Integridade Publica (CIP), "o Governo está a fazer de forma tardia (a suspensão), mas é importante que o faça.
Mimbire é de opinião de que é preciso responsabilizar quem devia ter garantindo que esta empresa não começasse a operar sem toda a documentação necessária e actualizada.
A Haiyu Minning é acusada de ter ampliado a sua área de exploração, para além de ter agravado as inundações que há três anos desalojaram 290 pessoas naquela região de Nampula.
"A empresa Haiyu foi concessionária da região de Santarém, mas acontece que, em 2017, acabaram actuando na área de Morrua e Nagonha, e naquelas regiões não foi realizado nenhum estudo de impacto ambiental", denuncia Lopes.
Para o ambientalista, o governo moçambicano deve ampliar o seu raio inspectivo para outras regiões com casos similares.
Essa posição é também defendida por Fatima Mimbire, que diz que "não há dúvidas que temos vários exemplos, e um deles é a Jindall, multinacional indiana".
A pesquisadora recorda que, apesar de manifestação da população, “o governo nunca teve uma acção em relação a esta empresa".