A presidente da Comissão de Mediação e Arbitragem Laboral, Olga Manjate, pede mais respeito pelos trabalhadores moçambicanos por parte dos investidores estrangeiros. Tal é feito na sequência do aumento de queixas laborais, sobretudo, contra empresas chinesas.
Moçambique regista de há uma década a esta parte, uma avalanche de investimentos chineses, que acabam criando emprego para mais mão-de-obra para cidadãos nacionais. As áreas incluem construção civil, mineração e comércio a retalho.
Mas, o que à primeira vista parece uma contribuição para a redução do desemprego, traz pelo meio vários problemas ao nível das relações laborais. Desde alegados maus tratos até más condições de trabalho, há várias queixas de trabalhadores moçambicanos.
“É normal trabalhar durante 24 horas ininterruptas e quando sais, o patrão te liga no mesmo dia a exigir que estejas presente no serviço” diz à reportagem da VOA, sob condição de anonimato, um trabalhador de construção em Maputo.
Num outro sector de actividades, ligado ao comércio de utensílios domésticos, trabalhadoras ouvidas pela nossa reportagem reclamam de falta de folgas, trabalhando diariamente, sem mesmo direito a fins-de-semana.
Mais de quatro mil casos
No âmbito da avaliação das condições de trabalho nalgumas empresas recentemente,, uma delegação do governo, liderada pelo Ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, visitou a Safira Cerâmica Mozambique, uma empresa de fundos chineses, que produz tijoleiras e azulejos, na província do Maputo.
Na ocasião, representantes do Ministério do Trabalho ouviram as reclamações dos trabalhadores, o que levou a Presidente da Comissão de Mediação e Arbitragem Laboral, Olga Manjate, a desabafar.
“Nós todos temos direito ao trabalho e também já passamos da colonização faz tempo e não vamos admitir que um estrangeiro venha para colonizar ou agredir um trabalhador moçambicano,” disse Manjate.
Indicada para falar em nome da empresa visada, Beatriz Massafo justificou alguns atropelos do seu patronato, com falta de conhecimento de algumas normas.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho, no primeiro semestre deste ano foram registados mais de quatro mil casos de conflitos laborais, onde se destacam empresas chinesas e desegurança privada, e cerca de 80 por cento acabaram resolvidos sob mediação da Comissão de Mediação e Arbitragem Laboral.
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