O Programa Alimentar Mundial (PAM) em Angola espera assistir até 220 mil famílias vulneráveis em cinco províncias do país em 2025, ano que, de acordo com organizações da sociedade civil, pode ser marcado por um aumento substancial dos níveis de pobreza.
Responsável pela Pastoral da Comunicação na Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) diz que os angolanos esperam da governação ter "comida à mesa".
O ano de 2024 chega ao fim com mais de um milhão e 300 mil angolanos em insegurança alimentar aguda, segundo relatórios de agências da ONU e da União Europeia.
Agora, o PAM, de acordo com o seu representante em Angola, José Carlos Ferrão, em entrevista à Voz da América, sublinha que o apoio em zonas afetadas por fenómenos naturais está já a ser delineado.
“O nosso valor mínimo são 180 mil famílias, mas podemos chegar até 228 mil, depende muito dos fundos que obtivermos. Em princípio, são as zonas afetadas pelo fenómeno El Niño, Moxico, Cuando Cubango, Cunene, Huíla e Namibe", diz Ferrão, que lembra que "em alguns sítios as chuvas estão um pouco atrasadas, mas só depois de janeiro teremos previsão sobre as colheitas”,.
Entretanto, a organização não governamental Acção para Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), que monitoriza o Orçamento Geral do Estado (OGE) 2025, em parceria com outras organizações, aponta lacunas que, como realça, fazem antever mais pobreza nos próximos anos.
O técnico Justino Figueiredo, diretor da Antena/Benguela, que abordou a pouca participação de atores sociais na elaboração do principal instrumento de governação, falou igualmente de dificuldades no acesso à saúde, educação e merenda escolar.
“Porque não haverá alargamento dos serviços às zonas mais recônditas. A nossa grande preocupação são as famílias cada vez mais vulneráveis, com menos possibilidades devido a fragilidades económicas”, assinala o especialista.
Ele acrescenta que “podemos vislumbrar o agudizar da pobreza, hoje há insegurança alimentar, o atual orçamento não dá sinais de que isso venha a ser invertido, a julgar pelas verbas alocadas, por exemplo, para a agricultura”.
É um cenário que o responsável pela Pastoral da Comunicação na Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), o bispo Dom António Jaca, quer ver alterado, com ou sem declaração de estado de emergência.
“O que os angolanos esperam da governação, primeiro, é ter comida à mesa, emprego e saúde. Isso [declaração de Estado de emergência] depende muito de cada Governo, o importante é que se tenha em conta que há dificuldades, fome, miséria, o que tem de ser resolvido para se ter o mínimo necessário”, apela o bispo.
O Banco Alimentar de Angola espera continuar a apoiar os seus parceiros, num total de 26 instituições que trabalham com cidadãos carentes, ao longo de 2025.
Na aprovação do OGE 2025, o MPLA, no poder, referiu que este instrumento vai dar resposta às necessidades mais urgentes da população e promover a estabilidade macroeconómica.
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