Aumentou o número de pessoas mortas em resultado de ataques de crocodilos nas margens do rio Zambeze, no distrito de Magoe, na província moçambicana de Tete, supostamente devido à elevada população daqueles animais na região.
Nos últimos 15 meses, 17 pessoas morreram atacadas por crocodilos quando iam buscar água para consumo e ou lavar roupa nas margens do rio Zambeze.
Outras dezenas de pessoas escaparam com ferimentos, após intensas lutas com os animais.
“Os crocodilos atacam canoas, atacam pessoas nas margens do rio e até invadem a aldeia” disse Merinho Gregório, líder de Bawa, uma aldeia de Magoe, confinada entre o Zimbabwe e a Zâmbia, onde se registam os maiores casos de ataques de crocodilos.
A aldeia de 400 habitantes – com sete mortes registados - construiu uma longa cerca para evitar a invasão dos crocodilos a localidade, mas várias pessoas foram atacadas dentro da vedação.
“Já há crocodilos muito grandes que não conseguindo saciar a fome com peixes no rio atacam pessoas”, acrescentou Gregório, para quem a falta de abates dos animais problemáticos e a redução da sua população com a apanha de ovos estão a agravar o conflito homem-animal.
Na região, disse, foram destacados guardas fiscais do Tchuma Tchato, que significa “nossas riquezas” - um projecto pioneiro na qual o governo moçambicano estimula a população a explorar e proteger de forma conjunta a terra – mas sem meios para controlar os ataques.
Rosa Moçambique, uma moradora de Bawa e que sobreviveu a um ataque de crocodilo em finais de Junho, disse que a frequência de ataques está a retrair, sobretudo mulheres, a se fazerem ao rio Zambeze, sua única fonte de água para os afazeres domésticos.
“Eu lutei com o animal, que tinha agarrado o meu braço direito e insistia em me puxar para água. O animal me levou para água umas cinco vezes, mas consegui escapar numa das vezes e fui socorrida inconsciente para um hospital da Zâmbia”, contou.
Moçambique aprovou uma resolução em 2009, com a estratégia de Gestão do Conflito Homem/Fauna Bravia, no sentido de melhorar a gestão e assegurar a defesa de pessoas e bens para a satisfação das necessidades humanas e a conservação da fauna bravia, mas os conflitos estão longe do fim.
Algumas empresas de Safaris em Tete faziam a apanha de ovos de crocodilos, que eram depois transportados para uma incubadora no distrito de Marara e depois vendidos aos criadores, mas a queda do preço da pele de crocodilo abrandou o negócio.