Algumas organizações da sociedade civil e certos actores políticos na Guiné-Bissau continuam a defender a demissão do ministrodo Interior, Botché Candé.
As cargas policiais sobre os cidadãos nos últimos tempos estão na base dos protestos contra o titular da pasta do Interior.
O Presidente da República lembrou que a demissão de Candé depende do primeiro-ministro, mas defendeu o papel da polícia.
A primeira organização a levantar voz contra o ministro do Interior é a Liga Guineense dos Direitos Humanos, que, em nota à imprensa, acusa Candé de "incapacidade em garantir a segurança da população e da interferência arbitrária na esfera privada dos cidadãos".
Também, no passado fim-de-semana, o Partido de Unidade Nacional exigiu ao Presidente da República a demissão de Botché Candé por haver“um disfuncionamento profundo na estrutura das forças de ordem”.
“Desde a tomada de posse deste Governo, assistimos ao recrutamento desenfreado de agentes de forças de ordem, que não são formados depois do recrutamento, e que são remetidos a instrumentos de violência do Estado. Claramente esta força não está preparada para utilizar devidamente os meios à sua disposição e o resultado está patente”, sustentou aquele partido.
A actuação dos agentes da policia contra os habitantes em Cossé e no Cuntubu, ecomo a tortura de jovens que estavam a reclamar a falta de luz elétrica, em Bafatá, no leste do país, aumentaram a contestação ao actual ministro do Interior, um dos mais antigos membros do Governo e líder do segundo partido no Parlamento.
Confrontado com esses pedidos,o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, lembra haver a separação dos poderes, ou seja, uma eventual demissão do Ministro do Interior "é da competência do primeiro-ministro”.
Não obstante ter admitido “excessos”, nos últimos tempos, por parte da polícia, o Presidente guineense diz que não se pode admitir uma cultura de animais, com civis a confrontar os polícias:
“Na Guiné-Bissau queremos ter o quê? Cultura de animais? Corre e briga com a polícia. Isso não. Pode haver um exagero da polícia, mas o papel da polícia é manter a ordem e ao mesmo tempo proteger a população. E se exagerar há mecanismos de punição”, sustentou Embaló.
A VOA contactou o Gabinete de Imprensa do Ministro do Interior que informou que Botché Candé encontrava-se numa reunião do Conselho de Defesa, pelo que não podia prestar, por enquanto, qualquer declaração sobre o assunto.