Continua a crescer o número de moçambicanos que se refugia no Malawi para escapar à tensão pós-eleitoral, após a eclosão de novos focos de violência no distrito fronteiriço de Morrumbala, na Zambézia, confirmaram as autoridades à Voz da América, este sábado, 28.
Cerca de 2.500 moçambicanos procuraram refúgio no distrito de Nsanje, no Malawi, fugindo da nova fase de protestos pós-eleitoral, que se desencadearam desde 23 de dezembro, depois de o Conselho Constitucional (CC) ter validado as eleições e proclamado a vitória de Frelimo e do seu candidato, Daniel Chapo. Os resultados foram amplamente contestados pelos partidos da oposição.
“Tínhamos até quinta-feira, 26, 45 famílias que tinham passado para o Malawi, mas este número tem estado a aumentar exponencialmente”, precisou João Nhambessa, administrador de Morrumbala, em declarações por telefone à Voz da América.
O dirigente explicou que a fuga dos moçambicanos foi precipitada com a escalada de violência e destruição de infraestruturas públicas e privadas nas localidades de Gorro, Chilomo e Chire sede, zonas limitrofes do distrito de Nsanje.
“Têm surgido ameaças e também saques de bens”, forçando as famílias a fugir para o país vizinho, aclarou João Nhambessa.
Um alto funcionário do Malawi, que descreveu a situação pós-eleitoral como "terrível”, disse que 2.182 famílias moçambicanas tinham atravessado para o distrito de Nsanje, no Malawi, que faz fronteira com Moçambique.
Joao Nhambessa anotou que as autoridades locais estão a “atualizar estes números" e que as atualizações sáo feitas "em coordenação mesmo com as equipes do governo de Nsanje, no Malawi”.
O grupo de monitorização eleitoral, Plataforma Eleitoral Decide, calcula que o número de mortos se situe em 134 desde a decisão do CC e em 262 em 66 dias de protestos, que se iniciaram no país a 21 de outubro.
As manifestações pós-eleitoral foram convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, suportado pelo partido Podemos, que rejeita o acórdão do Conselho Constitucional e não reconhece os resultados das eleições realizadas a 9 de Outubro de 2024.
A Frelimo governa Moçambique desde o fim da guerra contra o domínio colonial português em 1975. Os observadores ocidentais afirmaram que as eleições deste ano não foram livres e justas.
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