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“Há gente à beira da morte” nos Gambos devido à fome, Padre Wakussanga


Seca nos Gambos, província da Huíla, Angola
Seca nos Gambos, província da Huíla, Angola

Há pessoas que não se conseguem levantar porque de facto não têm nada que pôr no estômago, disse o sacerdote

O grito de socorro está a ser lançado a partir do município dos Gambos, no sul da província angolana da Huíla, onde mais de 41 mil pessoas afectadas pela fome necessitam de ajuda de emergência.

Agrava-se fome na Huíla – 2:38
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Há pouco tempo, representantes da Igreja Católica na região alertaram que dezenas de famílias recorriam às suas instalações em busca da mão caridosa.

Agora, o padre Jacinto Pio Wacussanga, da paróquia de Santo António, volta a avisar que a situação é mais grave do que se possa imaginar com pessoas à beira da morte.

“Especialistas, pesquisadores, líderes religiosos e associativos foram alertando de que a situação podia piorar porque há gente à beira da morte, há pessoas que não se conseguem levantar porque de facto não têm nada que pôr no estômago, há crianças e idosos deitados, há muita gente já com pés inflamados com edemas, o que implica dizer que, de facto o Governo central tem de despertar de uma vez para a gravidade do problema porque se não muito mais gente vai morrer”, alerta o padre Pio.

Padre Pio Wakussanga, sacerdote nos Gambos (Huíla) e activista social
Padre Pio Wakussanga, sacerdote nos Gambos (Huíla) e activista social

Aquele sacerdote católico deixa uma sugestão às autoridades no sentido de se criarem reservas alimentares e que nos esforços pela busca das ajudas tenham em conta o mercado interno.

“Até ao mês de Maio, as pessoas começam a partir para os seus campos lá onde cultivaram e então é hora de tentar mobilizar os vendedores de milho e massango para que não se disperse alimentos. O Governo deve comprar e criar uma reserva alimentar para ajudar as pessoas a acudir a situação”, defende o padre Pio que “também é preciso valorizar o alimento interno”.

“Que não venham com muito arroz quando as pessoas precisam de milho ou de massango”, conclui.

O governador provincial, Nuno Dala, que diz estar preocupado com a situação da seca e o seu impacto nas populações, esteve recentemente nos Gambos, onde referiu que o fenómeno que se dá num ano difícil em termos agrícolas, passa por investimentos em infraestruturas sustentáveis.

Para esta fase de emergência, o governante prometeu fazer chegar ajuda.

“Os grandes centros que alimentam os centros urbanos este ano não produziram face à estiagem prolongada que estamos a viver, mas os Gambos tem muito a nos ensinar sobre esta situação, é nossa preocupação em resolvermos e apoiar as famílias que neste momento estão em situação difícil, as mais vulneráveis”, promete.

Nos últimos dias têm-se intensificado algumas iniciativas de doação de alimentos de diferentes quadrantes sociais, com a empresa de telefonia móvel Unitel na mais recente acção a disponibilizar 40 toneladas de milho para acudir a famílias vulneráveis nas províncias da Huíla, Namibe e Cunene.

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