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Auditoria vai passar a pente fino a Reserva Estratégica Alimentar em Angola


Em defesa de pequenos produtores nacionais, economista sugere uma avaliação do processo, lembrando o "fardo" da importação

Um ano após o início da importação de alimentos como medida para estabilizar os preços em Angola, a Reserva Estratégica Alimentar (REA) vai ser auditada, a partir de Dezembro, pela KPMG, referência mundial neste domínio, com foco nos números investidos nesta parceria público-privada, soube a VOA.

Aos 200 milhões de dólares norte-americanos iniciais, o Presidente da República, João Lourenço, juntou vários créditos adicionais, chegando a recorrer, recentemente, à emissão de dívida para financiar a REA, no valor de 86 milhões de dólares, segundo registos oficiais.

Fonte da Gescesta, Companhia Angolana de Segurança Alimentar, criada em 2021 pela Carrinho Empreendimentos e Gemcorp, disse acreditar que a auditoria às contas garanta continuidade na gestão, sempre, como salienta, mediante padrões e princípios internacionais.

Altos funcionários do Ministério do Comércio e Indústria assumem que as actividades desenvolvidas vão a exame, mas desconhecem se a pedido das autoridades face a eventuais desvios em relação aos objectivos traçados.

Levantamentos feitos pela VOA com base em documentos aprovados pelo Presidente da República indicam que, para lá da emissão de dívida, os créditos adicionais andam em 115,7 milhões de dólares norte-americanos, montante que financiou também a construção de armazéns.

Num comentário a propósito, o economista Abílio Sanjaia, quadro da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), louva este compromisso com a transparência, mas avisa que não basta a auditoria no plano financeiro.

Sanjaia, que fala em função do que observa nos municípios, defende uma avaliação de todo o processo, capaz de lançar bases para uma REA ao serviço da agricultura familiar

“Vemos que num momento sazonal em que há muita quantidade da produção familiar, em termos de milho e outros bens, as comunidades têm problemas de evacuar e … o preço vendido às vezes não cobre os custos de produção. Aí deve aparecer a Reserva Estratégica para adquirir o produto a preço que permite o camponês dar sequência à actividade agropecuária”, assinala, augurando que “esta auditoria, acompanhada desta avaliação, aconteça periodicamente”.

O ministro do Comércio e Indústria, Víctor Fernandes, que esteve em Benguela nesta segunda-feira, 28, confirmou a auditoria, destacando a necessidade de uma gestão profissional

“Não há indícios de nada, a auditoria é um processo normal, até é de lei. Queremos sabe como andam as coisas, se estamos a cumprir os objetivos, não há alegados desvios", salienta o governante.

A Reserva Estratégica Alimentar, projectada para mais de 500mil toneladas, está para 11 produtos, com realce para o milho, arroz, açúcar e carnes.

No seu escritório em Luanda, a KPMG, uma das maiores e mais credíveis instituições de auditoria do mundo, conta quase 100 colaboradores.

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