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Ataques no centro de Moçambique denunciam uma “paz pobre”, dizem analistas


Acordo de paz foi assinado, em Agosto, por Filipe Nyusi e Ossufo Momade.
Acordo de paz foi assinado, em Agosto, por Filipe Nyusi e Ossufo Momade.

Analistas moçambicanos dizem que a sucessão de ataques de grupos armados nas províncias de Manica e Sofala denuncia a fragilidade do acordo de paz, assinado há três meses entre o Governo e a Renamo.

Ataques no centro de Moçambique denunciam uma “paz pobre”, dizem analistas
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O analista político Sansão Nhancale diz que os ataques quebram o já débil compromisso pela paz, associado aos resultados mais baixos da Renamo, na história da democracia em Moçambique.

“Esses ataques são o prenúncio de que o acordo foi totalmente frágil”, diz Nhancale, adiantando que a Renamo pode ter perdido “um interesse genuíno pela paz” na sequência dos últimos resultados eleitorais.

O politólogo Martinho Marcos observa que os ataques revelam uma “uma paz pobre”.

“O acordo apenas foi assinado para se ir as eleições. Houve uma precipitação e os ataques refletem essa precipitação politica no acordo” diz Marcos, para quem a paz a curto prazo “é uma miragem”.

Mais ataques

Nesta sexta-feira, 08, um grupo armado atacou mais dois camiões nas duas importantes estradas do centro de Moçambique, mas sem causar vitimas.

Um camião-cisterna da Meru, uma distribuidora de combustível do Malawi, foi atingido, cerca das 9:00 horas locais, na Estrada Nacional seis (N6), numa zona próxima do Inchope, o principal cruzamento no centro de Moçambique.

Outro camião de mercadoria foi atingido por vários disparos na zona de Muda Serração (Gondola), cerca das 8:00 horas, no sentido Inchope, na Estrada Nacional Um (N1), que liga o norte e o sul de Moçambique.

“O combustível ficou a derramar na estrada, até que chegou o socorro que escoltou o camião até Inchope para conter o vazamento do tanque” contou à VOA Edson Ntunze, um motorista malauiano, que chegou ao local momentos depois do ataque.

Outra testemunha contou à VOA que o camião de mercadoria, pertencente a um comerciante local, foi alvo de disparos numa zona onde há uma semana foi atacado um outro camião de carga que seguia para Maputo.

“Foram tiros rápidos, e atingiram a parte traseira da viatura” contou um dos passageiros.

Renamo recusar autoria

Uma fonte policial em Manica confirmou um dos ataques, remetendo detalhes para a posterior.

Na quarta-feira, um ataque, numa zona não distante dos ataques de hoje, provocou a morte de duas pessoas e ferimentos a outras três em Pindanganga (Gondola), numa emboscada que a Polícia atribuiu a homens armados da Renamo e um grupo de seus dissidentes.

Contudo, José Manteigas, porta-voz da Renamo, reiterou a recusa pelos ataques, justificando que “é assunto do governo”.

“Se o governo não consegue debelar o grupo (autoproclamada Junta Militar da Renamo) não poder culpar a Renamo pelos ataques” concluiu.

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