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Ataque em Montepuez obriga à evacuação de trabalhadores e suspensão de operações em mina de rubi


Durante três horas as Forças de Defesa e Segurança combateram terroristas numa mina de rubi

Um grupo armado, ligado ao Estado Islâmico, atacou no inicio da manhã desta quinta-feira, 20, o acampamento da Gemrock Ruby Mine, uma mina de rubi perto de Namanhumbir, no distrito de Montepuez, na província moçambicana de Cabo Delgado, forçando a firma a evacuar os trabalhadores.

A informação foi confirmada à VOA por moradores e autoridades e, mais tarde, a empresa emitiu um comunicado.

Dois camionistas chegaram à vila de Montepuez com milhares de pessoas deslocadas transportadas de forma voluntária em suas trelas, como primeiro plano de ajuda.

O grupo invadiu a mina cerca das 4 horas locais, quando a maioria dos trabalhadores ainda não se encontrava no acampamento, tendo provocado danos em meios circulantes e infraestruturas, relataram à VOA várias fontes locais.

Até agora não há relatos de danos humanos.

Um residente disse à VOA que os insurgentes só deixaram o local após cerca de três horas de confrontos com as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas, que conseguiram controlar a mina por volta das 7 horas locais.

“A movimentação dos insurgentes começou quase pela madrugada, mas a maior agitação chegou quando os disparos começaram a se ouvir na aldeia vindo das minas de ruby e levou muitos a fugir a pé”, acrescentou a mesma fonte que pediu o anonimato.

Em comunicado, a mineradora Gemfields, confirmou o ataque dos insurgentes a Gemrock, que fica cerca de 12 quilómetros a sudeste das operações da Montepuez Ruby Mining (MRM), - com um dos depósitos de rubi mais significativos no mundo - onde detém 75 por cento dos interesses das operações e anunciou a evacuação dos seus trabalhadores.

Como consequência do ataque desta manhã, “a MRM iniciou o processo de evacuação de funcionários operacionais e contratados e, portanto, as operações de mineração no local foram encerradas”, avançou o comunicado emitido em Londres.

“O pessoal de segurança e a força policial moçambicana permanecem no local e militares moçambicanos estão a chegar ao local”, acrescentou, concluindo que a Gemfields e a MRM mantêm a saúde e a segurança dos seus funcionários e contratados como sua maior prioridade.

A VOA tentou ouvir em vão a Polícia da República de Moçambique (PRM) em Pemba, que não respondeu de imediato o nosso pedido de comentário.

Vaga de deslocados

O ataque provocou uma nova vaga de deslocados, tendo milhares de pessoas chegado no início da tarde na vila sede do distrito de Montepuez, agravando a já crítica crise humanitária.

“A situação não é das melhores, já chegaram dois camiões de carga com muitas pessoas a fugirem dos ataques”, disse à VOA um morador de Montepuez.

Em vídeo posto a circular nas redes sociais pode-se ver um motorista a abrir o taipal do seu atrelado para permitir às pessoas descerem do camião.

Novas decapitações

Na segunda-feira, 17, pelo menos sete pessoas morreram decapitadas no posto administrativo de Meza, no distrito de Ancuabe, quando o grupo armado, localmente conhecido por al-Shaabab intensificou as suas incursões armadas.

A área recebeu um reforço de segurança da tropa moçambicana e estrangeira na quarta-feira, 19.

Os insurgentes intensificaram ataques a aldeias desde a semana passada, com a maioria dos incidentes violentos concentrados nos distritos de Nangade e Ancuabe.

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