Organizações da sociedade civil em Angola dizem desconhecer o modelo de gestão e o destino dos 25 milhões de kwanzas (cerca de 38 mil dólares) que o Governo atribui mensalmente a cada um dos 164 municípios para resolver os problemas sociais.
A atribuição deste valor, que foi aprovada pelo Governo, em 2018, está inserida no Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza (PIDLCP).
O líder da Rede de Terra e Ambiente, Bernardo Castro, revelou à VOA que a gestão destes fundos continua a ser centralizada e que nem mesmo as administrações municipais e as comunidades locais têm acesso directo aos mesmos para a sua correcta gestão.
Castro disse que, apesar da existência desse fundo, a pobreza no interior do país continua cada vez mais acentuada.
“Nenhuma administração se presta a levar esta informação à população e estes dinheiros podem estar mais no papel do que na mão das pessoas”, sustentou aquele activista cívico.
Por seu lado, Pio Wacussanga, membro do Conselho de Auscultação e Consertação Municipal e pároco dos Gambos, diz-se surpreendido com a informação sobre a existência desse fundo.
“Não tenho conhecimento absolutamente nenhum e estou surpreendido que haja um dinheirão destes que seria bem encaminhado para suprir as necessidades”, enfatizou o sacerdote católico.
O também líder da organização não governamental Construindo Comunidades sugere uma gestão participativa de fundos do género para assegurar uma maior transparência.
Tal como Bernardo Castro, o conhecido padre dos Gambos também defende que “só com a implementação das autarquias locais as comunidades terão o direito de gerir os seus próprios recursos”.