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Associação diz que houve mais de 50 mortos na violência no Cafunfo no início do ano


AJUDECA culpa violência na “miséria” do povo e na falta de diálogo com as autoridades. Centenas de pessoas estão desaparecidas, diz organização

A Associação Juvenil Para o Desenvolvimento Comunitário de Angola (AJUDECA) diz num relatório que houve mais de cinquenta pessoas mortas em Cafunfo, na Lunda Norte, depois da repressão policial à manifestação de 30 de Janeiro de 2021.

AJUDECA diz er havido mais de 50 mortos no Cafunfo – 2:38
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Num estudo que iniciou a 15 de Fevereiro a AJUDECA concluiu igualmente que centenas de pessoas estão desaparecidas e que a causa da manifestação não esteve ligada ao Movimento do Protectorado Lunda mas sim às condições de miséria a que o povo do Cafunfo está submetido.

O movimento tinha contudo convocado uma manifestação para esse dia e as autoridades afirmam que membros da organização armados tentaram atacar uma esquadra da polícia.

A AJUDECA refere que ouviu polícias de Cafunfo, cidadãos comuns, autoridades tradicionais locais líderes religiosos entre outros e o seu relatório que começou a ser elaborado a 15 de Fevereiro refuta os números apresentados pelo executivo, em relação aos mortos como consequência da manifestação de 30 de Janeiro.

A pesquisa da AJUDECA concluiu que houve mais de cinquenta pessoas assassinadas em Cafunfo, para além de uma centena de pessoas que estão a ser procuradas pelos seus familiares.

Para a associação o Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe nada teve a ver com a manifestação que ocorreu em Cafunfo, e aponta duas razões principais na base da revolta.

"Uma, as condições degradantes em que vive o povo de Cafunfo, onde as pessoas vêem a sair diamantes que não impactam nas suas vidas e a outra razão é a falta de dialogo entre as autoridades governamentais, as empresas mineiras e o povo da região", disse Manuel Mpembele coordenador da AJUDECA.

Sobre o relatório contactamos a secretaria de estado dos Direitos Humanos prometeram retomar a ligação o que não aconteceu ate ao fecho deste trabalho. Salvador Freire advogado de defesa do presidente do Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima, preso há cinco meses e acusado de ser o mentor dos acontecimentos de Cafunfo diz que o governo havia prometido fazer sair um relatório oficial
até hoje nada diz.

"Até hoje não há nada oficial do executivo, passados seis meses do ocorrido em Cafunfo nota-se claramente aqui que há mão de alguns politicos neste processo” disse acrescentando que “ aliás é so ver os ministros e Comandante da policia que fizeram pronunciamento sobre a matéria, o que influencia o processo"

Sobre a prisão de Zecamutchima, Freire entende que há claramente denegação de justiça e os prevaricadores deviam ser responsabilizados.
"Denegação de justiça é crime, privar um cidadão da sua liberdade é crime, os procuradores, magistrados etc deviam ser responsabilizados mas isto eu nunca vi acontecer em Angola", disse

Zola Bambi do Observatório Social e Justiça entende que o caso de Zecamutchima e outros é um “descrédito do sistema judicial angolano.
"O nosso sistema de justiça continua algemado pelo poder político, isto põe em causa o país, põe em causa os tribunais, e o próprio sistema democrático de direito que se pretende, para o país", disse

Rafael Marques responsável pela associação UFOLO que após a violência no Cafunfo organizou um encontro entre as autoridades, a população e diversas organizações disse não ter tido contacto com o relatório da AJUDECA, por isso não poder se pronunciar sobre o mesmo.

O estudo prometido pela UFOLO sobre Cafunfo deverá sair no mês que vem.

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