O Tribunal Provincial de Luanda condenou nesta terça-feira, José Neves Alves Tadi, autor do disparo que, em 2016, matou o menor Rufino António, a 18 anos de prisão.
Alves Tadi foi ainda condenado ao pagamento de um milhão de kwanzas de indemnização à família de Rufino, morto durante a demolição da casa dos pais no bairro do Zango, município de Viana, em Luanda.
O juiz Lourenço Pereira condenou ainda Lucas Tulikundene, José Pequenino e Gabriel Ernesto Domingos a um ano de prisão.
Os quatro são membros das Forças Armadas Angolanas (FAA) e pertencem ao Posto de Comando Unificado (PCU).
O advogado dos familiares de Rufino aceita a condenaçao dos militares mas diz que tanto o comandante Simao Carlitos Wala como o antigo Chefe de Estado Maior das FAA, Geraldo Sachipengo Nunda, deviam ser julgados como autores morais.
"Acho que houve um certo pecado do juiz porque se ficou provado que estas pessoas ordenaram então elas deviam também ser julgados e condenados", defendeu Luís Nascimento.
Por seu lado, o advogado dos réus, Francisco Sousa, disse que "não houve provas materiais, que o tribunal andou mal, mas não foi Joseé Tady que disparou mortalmente Rufino".
Entenda o caso
O menor Rufino António foi assassinado em 2016 por tropas da PCU quando tentava reclamar sobre a demolição da casa de seus pais no Zango, arredores de Luanda.
Canções, choros, lágrimas, orações e pedidos de justiça marcaram o enterro do menor na época. Centenas de pessoas juntaram-se ao funeral gritando por “justiça".
O advogado da família reclamou publicamente da indefinição sobre o julgamento do caso. Até Maio deste ano, quando ele falou com a Voz da América, não havia data para o julgamento.
O julgamento do "caso Rufino" começou no dia 10 de Julho no Tribunal Provincial de Luanda.
No início de Agosto, quando era esperada a leitura da sentença, mais um contratempo aconteceu: em virtude de a juíza estar doente, a leitura foi adiada para o dia 14 de Agosto.