Na terça-feira, 12, a ONU alertou para o facto de os níveis já baixos de ajuda que chegam a Gaza terem diminuído ainda mais, com a situação no norte sitiado a ser especialmente “catastrófica”.
O aviso da UNRWA, a agência das Nações Unidas que apoia os refugiados palestinianos, foi feito no momento em que Israel anunciou a abertura de uma nova passagem de ajuda para Gaza, na véspera do prazo imposto pelos EUA para melhorar as condições humanitárias no território devastado pela guerra.
A ajuda que entra na Faixa de Gaza atingiu o nível mais baixo dos últimos meses”, afirmou Louise Wateridge, oficial de emergências da UNRWA, questionada sobre a existência de sinais de melhoria da situação antes da data limite de quarta-feira.
No mês passado, o Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken e o Secretário da Defesa Lloyd Austin advertiram Israel de que tinha até 13 de novembro para permitir a entrada de mais ajuda em Gaza ou arriscar-se a retirar alguma assistência militar dos Estados Unidos, o principal apoiante de Israel.
A carta foi enviada semanas antes das eleições presidenciais americanas de 5 de novembro, ganhas por Donald Trump, que prometeu dar mais liberdade a Israel.
Wateridge disse que “a média de outubro foi de 37 camiões por dia em toda a Faixa de Gaza. Isto é para 2,2 milhões de pessoas”. “As crianças estão a morrer. As pessoas estão a morrer todos os dias”, afirmou, sublinhando que "as pessoas aqui precisam de tudo".
A situação é mais grave no norte de Gaza, onde uma avaliação apoiada pela ONU no fim de semana afirmou que a fome era iminente.
Durante um mês inteiro, não foi permitida a entrada de alimentos no norte de Gaza sitiado, disse Wateridge, acrescentando que os pedidos da ONU para aceder à zona foram repetidamente negados.
Wateridge disse que os testemunhos do norte pintam um quadro “infinitamente horrível” que se está a tornar “mais crítico” a cada hora que passa. “Os hospitais foram bombardeados, os médicos informam-nos que ficaram sem reservas de sangue, sem medicamentos... há corpos nas ruas”.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, disse na terça-feira que pelo menos 43.665 pessoas foram mortas em mais de 13 meses de guerra entre Israel e militantes palestinianos.
O número inclui 62 mortes nas últimas 48 horas, de acordo com o ministério, que também disse que 103.076 pessoas ficaram feridas na Faixa de Gaza desde o início da guerra, quando militantes do Hamas atacaram Israel em 7 de outubro de 2023.
Com o objetivo de impedir os militantes do Hamas de se reagruparem no norte da Faixa de Gaza, já devastada, Israel iniciou um grande ataque aéreo e terrestre há pouco mais de um mês.
O ataque do Hamas ao sul de Israel, a 7 de outubro de 2023, causou 1 206 mortos, na sua maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP a partir de dados oficiais israelitas.
A campanha de retaliação de Israel matou 43 603 pessoas em Gaza, de acordo com os números do Ministério da Saúde do território dirigido pelo Hamas, que a ONU considera fiáveis.
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