O comboio re inaugural dos Caminhos-de-ferro de Luanda apitou definitivamente hoje em Malanje, 18 anos após a sua paralisação derivada pelo conflito armado que assolou o país.
Uma delegação encabeçada pelo ministro dos Transportes, com funcionários dos CFL, das empresas construtora e fiscal, assim como jornalistas de diferentes órgãos de comunicação social deixou as primeiras horas da manhã a estação da Baia, em Luanda.
Durante o trajecto foram efectuadas visitadas as estações de Catete, Zenza do Itombe, Ndalahui (ex-Bela Alta), Luinha, Canhoca, Lucala e Ndalatando (Kwanza Norte), Kizenga, Cambunze, Cacuso, Lombe e Malanje reconstruídas no âmbito do programa de reabilitação e modernização das infra-estruturas ferroviárias destruídas no período de guerra.
Para a reposição da circulação ferroviária Luanda/Kwanza – Norte/Malanje foram construídos 270 quilómetros de ramal novo, reabilitado 210 de via antiga, 25 estações novas, 4 de primeira classe em Catete, Ndalatando, Cacuso e Malanje, outras de segunda e de terceira categoria.
Ao longo dos 424 quilómetros do troço, foram criadas 3 centrais de armazenamento de combustíveis pela Sociedade Nacional de Combustíveis (Sonangol) para agilizar o transporte e reduzir a carência do produto no interior do país.
A cerimónia de reinauguração começou a hora e meia com presenças dos ministros Augusto da Silva Tomás e do Interior, Sebastião Martins, o governador de Malanje, Boaventura da Silva Cardoso, do presidente do conselho de administração dos Caminhos-de-ferro de Luanda, Lobo do Nascimento e de outras individualidades.
A primeira operação comercial inicia a 13 de Janeiro de 2011 com o transporte de passageiros, com sequencia até ao primeiro semestre de 2011, com 3 comboios semanais e no segundo semestre com 2 comboios diários.
O governador de Malanje, em declarações a televisão pública, reafirmou que a chegada dos comboios ao seu território proporcionará o desenvolvimento sócio económico da província.
“A vinda do comboio para Malanje representa um ganho susceptível de desenvolver a província em vários aspectos, vai criar mais emprego. Certamente veio confirmar e celebrar aquilo que é a vocação de Malanje em transformar-se numa placa giratória nesta região".
"Através do comboio Malanje poderá escoar livremente os seus produtos, nomeadamente, os que têm a ver com o sector agro-pecuário, os mineiros, as pessoas poderão circular muito mais a vontade, em termos mais económicos, aumentar o fluxo entre as províncias de Luanda/Malanje/Kwanza – Norte, concretamente”.
Um grupo de funcionários terminou 20 deste mês, o primeiro curso, que lhes possibilitará manusear todos equipamentos instalados na estação de Malanje dos Caminhos-de-Ferro de Luanda que compreende um edifício principal, de telecomunicações, armazém principal em reabilitação, escritórios e refeitório, dormitórios e residências para funcionários.
Hoje, o ministro dos Transportes entregou 25 camiões aos cidadãos que perderam os seus carros durante o conflito armado ao serviço do Estado angolano e 11, dos 20 autocarros as operadoras de transportes públicos, nomeadamente a JJR e a Kukanda, com 6 e 5 autocarros, respectivamente para o reforço das frotas.
O cidadão Rodrigues Dembo aguarda há 10 anos a devolução do camião destruído no referido período. “O camião foi atacado do município do Quela, onde ficou carbonizado, que é do conhecimento do governo da província, isto não se pode negar. Tenho os documentos que me certificam que deveriam me pagar o caminhão, mas infelizmente não acontece”.
Amanhã acontece igualmente a reinauguração do aeroporto de Malanje, também pelo ministro dos Transportes em representação do presidente José Eduardo dos Santos.