Na Costa do Marfim o governo do presidente-eleito Alassane Ouattara, e que é reconhecido internacionalmente, afirma que vai assumir o controlo das instituições estatais, das mãos do presidente Laurent Gbagbo, o qual clama, também, vitória nas eleições presidenciais.
Enquanto isso aumentam as pressões para que o presidente cessante Laurent Gbagbo ceda o poder ao presidente-eleito Alassane Ouattara, o qual foi reconhecido pelas Nações Unidas como o vencedor das eleições presidenciais do mês passado.
A Amnistia Internacional refere que as forças de segurança mataram mais de 20 pessoas desde a segunda volta das presidenciais, a 28 de Novembro. Receia-se que o actual impasse político lance o país de novo na guerra civil.
Guillaume Soro, primeiro-ministro de Ouattara, diz que o seu governo vai desfilar até à estacão de televisão nacional, actualmente controlada por Gbagbo, para ali colocar em funções um novo director-geral. Acrescenta que o seu gabinete se reunirá na próxima sexta-feira nas instalações destinadas ao primeiro-ministro.
Até agora Gbagbo não reagiu a estas declarações.
Guillaume Soro disse esta segunda-feira que o seu governo não pode permanecer indiferente à crescente insegurança e à situação financeira “catastrófica” do país.
Ouattara pediu ao Banco Central da África Ocidental que bloqueie o acesso de Gbagbo aos fundos, pedido que vai ser discutido pela instituição financeira amanhã, quarta-feira. O Banco Central agrupa oito antigas colónias francesas que usam o franco CFA como moeda.
Gbagbo e Ouattara criaram governos rivais e têm o apoio de grupos militares rivais. Gbagbo é apoiado pelos oficiais que controlam as regiões do Sul, enquanto Ouattara tem o apoio dos antigos rebeldes que controlam o norte.
Soro chefia agora o governo de Ouattara, baseado num hotel de Abidjan e guardado por capacetes azuis da ONU e antigos combatentes rebeldes.
As tensões aumentaram na segunda-feira quando tropas leais a Gbagbo colocaram barricadas a alguns metros do hotel onde está hospedado Ouattara, barrando o acesso ao mesmo durante quase todo o dia. Situação que foi resolvida pelo enviado da ONU.
A União Europeia aumentou a pressão internacional ao aprovar sanções financeiras e à concessão de vistos a Gbagbo e aos seus aliados, caso continuem a agarrar-se ao poder. A ECOWAS e a União Africana suspenderam a Costa do Marfim das suas organizações e países como a França e os Estados Unidos continuam a pedir a Gbagbo que se demita.
Gbagbo por seu lado desconta o apoio internacional a Ouattara, que descreve como interferência estrangeira que ameaça a soberania da Costa do Marfim.
Gbagbo afirma ser ele o presidente pois o conselho constitucional marfinense, dirigido por um dos seus aliados, anulou cerca de 10 por cento dos votos, considerados fraudulentos, o que lhe deu 51% da votação. Mas a ONU certificou os resultados originais da comissão eleitoral que davam a Ouattara 54% dos votos.