De Maio a Setembro, no Burundi realizou-se uma serie de eleições regionais e nacionais que observadores internacionais esperavam pudessem levar o país a efectuar uma transição para uma democracia plena. Em 2009, após 16 anos de guerra civil, o aparecimento de um relativamente aberto clima para os partidos da oposição e órgãos de informação, assim como a participação do antigo grupo rebelde Forças de Libertação Nacional (FNL), gerou sinais encorajadores.
Mas a larga vitoria do partido governamental nas eleições municipais de Maio fizeram disparar reivindicações de fraude pela oposição e um boicote geral do processo. Uma serie de ataques com granadas começou em meados de Junho e no dia 28 de Junho, o presidente Pierre Nkurunziza concorreu sem adversários as eleições presidenciais. Os partidos da oposição reentraram nas restantes eleições legislativas e comunais, mas o resultado final foi uma vitória estrondosa para o CNDD-FDD no poder.
De acordo com Neela Ghoshal, da Human Rights Watch, havia a esperança de que o presidente Nkurunziza pudesse usar o seu mandato para reformar o espaço político do país.
Mas tal não foi o caso. Em vez disso, segundo a Human Rights Watch, assiste-se a uma diminuição do espaço político e a supressão de vozes dissidentes.
Goshal é o autor do último relatório da Human Rights Watch intitulado “Encerrando Portas?”, que examina os desenvolvimentos políticos no Burundi desde o inicio das eleições.
O relatório detalha serias violações de direitos durante e depois da campanha, incluindo a tortura de membros da oposição de múltiplos partidos e a prisão e continua detenção de jornalistas tais como Jean Claude Kavumbagu. Kavumbagu foi preso em Julho por um artigo que questiona a competência das forças de segurança burundesas.
O relatório adverte que o Burundi – que emergiu recentemente de uma guerra civil – e ainda vulnerável a instabilidade politica.
Mas o relatório diz também que a violência pode ser facilmente evitada se forem feitas reformas políticas. Entre outras recomendações, a Human Rights Watch apela ao governo do Burundi para reverter o reconhecimento da nova liderança da FNL, libertar ou apresentar acusações contra presos tais como o jornalista Kavumbagu e criar comissões para investigarem torturas extrajudiciais e mortes que teem atormentado o país.