A moda das manifestações de rua pegou em Moçambique. Os antigos militares que lutaram ao lado do exército colonial português estão a pressionar o governo de Lisboa para lhes pagar pensão de sangue e invalidez.
Já passam trinta e seis anos depois do fim da guerra colonial em Moçambique, mas os sobreviventes daqueles que lutaram durante 10 anos ao lado do exército colonial português contra a guerrilha da Frelimo ainda querem compensação pela sua contribuição, embora tenham perdido a guerra. Moçambique tornou-se independente em 1975 contra a vontade de alguns dirigentes coloniais. Os combatentes que defendiam os interesses coloniais foram totalmente esquecidos em Lisboa.
Escreveram carta para o então Primeiro-Ministro socialista, José Sócrates, depois do encontro mantido em Maputo, e receberam promessa de pagamento de pensão de sangue e invalidez.
Mas antes deviam inscrever-se nos consulados de Portugal nas cidades de Maputo e Beira. Fizeram-no, só que o tempo passou e os processos foram arquivados.
Este ano, à moda moçambicana, os antigos militares ameaçaram invadir os consulados de Portugal. Lisboa respondeu, enviando novas fichas para inscrição.
A esperança foi reactivada, embora com alguma cautela, depois do fracasso registado há cerca de sete anos.
Os números dos antigos militares moçambicanos que lutaram ao lado do exército colonial português contra a guerrilha libertadora da Frelimo são desconhecidos publicamente. Muitos morreram com o tempo. No entanto, cerca de duas centenas estão identificados como fazendo parte do chamado núcleo duro das reivindicações.
Os seus antigos inimigos da Frelimo que lutavam pela independência estão a receber pensão pela sua participação na luta de libertação nacional.