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Governo da Etiópia acusa figuras da oposição e jornalistas de terrorismo


Tribunal Federal da Etiópia em Adis-Abeba
Tribunal Federal da Etiópia em Adis-Abeba

Primeiro-ministro Meles Zenawi diz que governo tem provas de jornalistas envolvidos em actos terroristas

O governo da Etiópia acusou formalmente 24 pessoas de complô terrorista e criação de desordem pública.

Entre os acusados estão altos membros da oposição política e um destemido jornalista conhecido através da internet.

O correspondente da VOA em Adis-Abeba, Peter Heinlein reportou que 8 dos acusados compareceram no tribunal enquanto outros são julgados à revelia.

Dois líders do Partido etíope para Unidade Democrática e Justiça, Andualem Arage e Natnael Mekonnen compareceram ao tribunal federal lado-lado com o cronista Eskinder Nega, para ouvirem as acusações. A maior parte deles responde por alegadas violações da lei anti-terrorista, que tem levantado muitas críticas por parte de organizações dos direitos humanos e grupos a favor da liberdade de imprensa.

Os três homens fazem parte de uma série de membros da oposição detidos pela polícia em Setembro ultimo, e mantidos desde então em prisao preventiva sem possibilidades de liberdade provisória mediante o pagamento de caução.

O antigo presidente etíope Negaso Gidada que assistiu a sessão do julgamento disse a VOA que Natnael Mekonnen confirmou perante o tribunal de que foi alvo de abusos repetidos durante a sua incarceração.

“Natnael queixou-se que foi espancado durante 23 dias, que foi-lhe retirado as roupas e ter vivido nu, ser atirado com água por cima e não podia dormir… e que foi abusado fisica e psicologicamente.”

Cinco outros acusados foram igualmente presentes ao juíz, mas os observadores presentes disseram que não ficou claro quem eram. Dezaseis outras pessoas foram acusadas in absentia, e muitas delas acredita-se que estejam no exilio na Europa e nos Estados Unidos.

Natanael Mekonnen e Andualem Arage são considerados de estrelas ascendentes da inexpressiva oposição política na Etiópia. Nas eleições parlamentares do ano passado, a oposição apenas ganhou um lugar entre as 547 vacaturas do parlamento, fazendo do país um Estado monopartidário de facto.

O jornalista Eskinder Nega tem sido por sua vez uma das poucas vozes que critica as politicas do primeiro-ministro Melez Zenaw e do seu partido Frente Democratica e Revolucionaria do Povo. Em 2005 Eskinder e a sua mulher – uma editora de jornais – estavam entre os detidos a seguir as eleições.

O primeiro-ministro Meles Zenawi disse perante o parlamento no mês passado que o seu governo dispunha de provas concretas de jornalistas envolvidos em acções terroristas. Zenawi adiantou na ocasião que muitos jornalistas que trabalham no país estavam a operar como “messageiros” de grupos terroristas.

O Comité de Protecção de Jornalistas aponta a Etiópia e a vizinha Eritreia entre os Estados com mais jornalistas presos no mundo. Os inquéritos do CPJ indicam que na Etiópia, 8 jornalistas encontram-se actualmente presos por ordens do governo.

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