As eleições intercalares americanas estão a ser marcadas por um novo fenómeno político e imprevisto que é o surgimento do Tea Party.
Trata-se de um movimento que cristaliza a contestação dos conservadores contra as recentes políticas da administração americana em relação a crise económica e social.
O Tea Party apesar da sua afiliação Republicana está longe de ser uma mais-valia para o partido Republicano em tempo de eleições.
O Tea Party pode ser visto como o estigma de um movimento contestatário, num processo político transitório onde o carácter reaccionário dos seus membros tem encontrado o espaço e audiência.
É o reflexo de uma realidade onde a imagem repousa na desconfiança política em relação aos dois principais partidos americanos.
Amy Gardner é jornalista do Washington Post com uma série de artigos sobre o Tea Party, e ela ajuda-nos a defini-lo.
O movimento Tea Party repousa-se no simbolismo da independência americana e foi buscar ao ano de 1773 a representação de um movimento contestatário de residentes da cidade de Boston denominados de “Filhos da Liberdade” que assaltaram barcos carregados de chá, para se opor ao pagamento de taxas a coroa inglesa. Um movimento que inspirou a luta pela independência americana iniciada dois anos mais tarde.
Duzentos anos depois o Tea Party voltou ao convívio dos americanos, galvanizando figuras políticas de terceira zona, que no espaço de seis meses e sobre os holofotes da imprensa cristalizam actualmente a voz bicéfala da oposição republicana.
O movimento recuperou a figura fantasiada de Sarah Palin antiga candidata republicana à vice-presidência americana e tem feito do seu programa eleitoral criticas aos estímulos económicos, a nova lei do sistema de saúde do presidente Obama, e a politica da administração Bush de financiar os bancos e a industria automóvel.
O Tea Party tem podido assim liderar e ganhar eleições primárias republicanas em cerca de uma dezena de Estados, o que faz aumentar a sua importância na corrida às eleições intercalares da próxima semana.
Amy Gardner diz no entanto que esse impacto não está livre de vicissitudes.
O Tea Party posiciona-se assim como uma terceira via adjacente ao partido republicano e cujo projecto político é reforçar o seu peso no congresso e bloquear as politicas do presidente Obama, entre elas, o plano de reforma do sistema de saúde.
Para os observadores o movimento promete igualmente fazer o seu melhor para manter-se unido e ser relevante até as eleições presidenciais de 2012.