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Documentos secretos: EUA queriam neutralidade na guerra colonial portuguesa


Presidente Nixon, na varanda da Casa Branca, com Mobutu Sese Seko (então Joseph Mobutu), em Agosto de 1970. Os estados Unidos queriam manter neutralidade durante a guerra colonial portuguesa. mas receando a queda do regime de Lisboa, Mobutu queria que os
Presidente Nixon, na varanda da Casa Branca, com Mobutu Sese Seko (então Joseph Mobutu), em Agosto de 1970. Os estados Unidos queriam manter neutralidade durante a guerra colonial portuguesa. mas receando a queda do regime de Lisboa, Mobutu queria que os

Mesmo antes do golpe de 25 de Abril de 1975, Zaire queria que EUA dessem mais apoio à FNLA.

Documentos americanos

Mesmo antes do golpe de estado de 25 de Abril de 1974, que derrubou o regime colonial português, o Zaire queria que os Estados Unidos dessem maior apoio à FNLA, manifestando preocupação sobre uma futura queda do regime de Marcello Caetano.

Portugal, por outro lado, queixava-se amargamente da falta de apoio dos Estados Unidos e estes diziam que a guerra colonial só servia para "um prolongado estado de insegurança e tensão na Africa Austral"

Estas são alguns dos pormenores agora revelados em milhares de documentos secretos relacionados com a política americana para África entre os anos de 1969 e 1976

Os documentos vão desde memorandos a actas de reuniões ao mais alto nível e fornecem uma visão inédita, as vezes pessoal e mesmo cheia de humor, da política americana para África entre 1969 e 1976.

Talvez um dos aspectos mais salientes seja o facto de que antes do golpe de estado de 1974 que derrubou a ditadura portuguesa e marcou o fim do regime colonial português os documentos indicaremm claramente tensões entre Washington e Lisboa, com Portugal a queixar-se amargamente da falta de apoio militar americano para as suas guerras coloniais e os diplomatas americanos a mostrarem-se receosos e a quererem manter uma neutralidade nessa guerra.

Por exemplo em Janeiro de 1970 o Departamento de Estado enviou um telegrama para a sua embaixada em Lisboa em que afirma que as guerras coloniais portuguesas, mesmo que Portugal pudesse resistir por muitos anos, serviriam apenas para enfraquecer os recursos de Portugal e de África o que serviria para “contribuir para um prolongado estado de insegurança e tensão na Africa austral”.

“Essa situação,” diz o documento,”não serve os interesses de ninguém”. O Departamento de Estado diz que o "Manifesto de Lusaka" – um documento que delineou politicas de África para com a África do Sul e territórios sob dominação colonial - pode fornecer a Portugal uma oportunidade de “reconciliar” os interesses de ambas as partes. Algo que nunca aconteceu.

Em Maio de 1970 numa reunião do então secretàrio de Estado, Henry Kissinger, com o chefe do governo português, Marcello Caetano, Kissinger declara abertamente que os Estados Unidos querem desenvolver uma relação com Portugal de modo a “não serem questionados ou parecerem apoiar ou opôr-se às politicas portuguesas”.

Uma nota sobre as linhas mestras da política americana para a África sob dominação portuguesa, emitida pelo Departametno de Estado em Setembro de 1970 é clara: “Devemos continuar a permanecer fora do conflito e a manter o nosso embargo de armas”. Acrescenta o documento: “Evitar identificarmo-nos com o lado português ou rebelde”.

Uma outra nota referente especificamente a Moçambique afirma o mesmo. Em ambos os casos o documento reconhece que “há pouco que os Estados Unidos podem fazer para influenciar os acontecimentos” que se desenrolam nas colonias portuguesas.

É interessante notar que já em 1970 o presidente do então Zaire, Mobutu Sese Sekou, manifestava preocupação sobre as consequências da possível queda do regime colonial português pressionando os americanos para darem mais apoio a Holden Roberto, o então dirigente da FNLA algo a que inicialmente os Estados Unidos mostram relutância.

Jonas Savimbi e a Unita eramm algo que na altura não estavam no radar dos americanos.

As pressões do Zaire para os Estados Unidos darem o seu apoio á FNLA vão aumentar imediatamente após o derrube do regime de Marcelo Caetano em Abril de 1974, altura que marca também o começo de uma amarga divisão dentro das estruturas de política externa americana que se vai prolongar até á independência de Angola.

Essa divisão versa um ala liderada por Kissinger que não quer deixar a União Soviética ganhar uma base de apoio em Angola através do MPLA e elementos no departamento de estado que se opõem vigorosamente a isso, alegando que Angola não tem qualquer interesse estratégicos para os Estados Unidos. Isso será tema de próximas reportagens

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