Os serviços de segurança nigerianos estão à caça do alegado cabecilha do atentado contra a sede das Nações Unidas na Nigéria que vitimou 23 pessoas.
O grupo islâmico fundamentalista que reivindicou o atentado disse estar a lutar para a independência de um nação islâmica no norte da Nigéria.
As autoridades nigerianas acusam o terrorista Mamman Nur como o mentor do ataque à sede da ONU em Abuja, e dizem acreditar que o mesmo esteja envolvido com o grupo al-Shabab na Somália um dos aliados da al-Qaida.
Responsáveis pela segurança disseram que Nur faz parte da seita islâmica Boko Haram. O ataque as instalações das Nações Unidas na capital nigeriana é o maior acto do grupo depois do envio pelo governo federal de milhares de tropas para o norte da Nigéria.
No seu manifesto, Boko Haram diz não reconhecer a constituição política nigeriana e nem o eleito presidente Goodluck Jonathan que reforçou a sua equipa nacional de segurança depois do atentado. Jonathan disse que a participação civil na vigilância vai ajudar a derrotar os terroristas e os seus apoiantes.
Mas erradicar Boko Haram significa ir a génese de um grupo acerca do qual muito pouco é conhecido. Abubakar Uma Kari é sociólogo na Universidade de Abuja, e diz ser difícil acabar com Boko Haram.
“É como um mistério. As vezes quando mais se procura, menos se vê. E a sua existência está também dominada por uma série de controvérsias. Tem havido várias teorias de conspiração acerca de quem está por detrás desta seita, do que faz, e quais são os seus objectivos e mais.”
Os ataques da Boko Haram tiveram o inicio há dois anos depois da morte do seu líder sob a custódia da polícia. Abubakar Kari sublinha que a acção militar do governo contra o grupo desperdiçou a oportunidade em resolver uma questão basicamente religiosa.
O activista dos Direitos Humanos, Shehu Sani escreve longamente sobre Boko Haram, e diz que esse grupo fundamentalista tem-se mostrado insatisfeito com a nova geração de nigerianos.
“Os seus métodos de oração têm sido sempre contra o poder. E quando digo contra o poder, não quero dizer contra o poder político, é mesmo o poder religioso representado pelo sultão e emir do norte da Nigéria. Assistimos ao crescimento de uma nova geração de Islamistas radicais em algumas partes do norte da Nigéria que escolheram a via do confronto armado.”
Sani adianta que a amnistia proposta pelo governo federal aos militantes no Delta do Níger rico em petróleo para parar com a violência civil mudou as dinâmicas do Boko Haram.
“O uso de dinheiro para apaziguar as pessoas que pegaram em armas conduziu outras pessoas a dizerem, “vá lá, agora é a minha vez também para criar grupos armados, e pegar em armas.” E então o Boko Haram está de certa forma a considerar que para o governo os encarar com seriedade tinha que atacar alvos governamentais e instituições internacionais como as Nações Unidas. Portanto a mensagem será clara e o governo estará em apuros.”
Sani diz que a relação entre forças de segurança não parecem das melhores, sem ter em conta alguns contenciosos entre alguns governadores os comandantes das forças militares nos Estados do norte do país.
“As forças de segurança nigerianas estão mal equipadas intelectual e materialmente para conter a violência, pelo facto daqueles que estão a organizar os atentados e os que estão a pegar em armas contra o Estado têm mais dinheiro, mais conexão e estão mais determinados do que as agências de segurança. Ninguém ousará em denunciar o Boko Haram. Porque se o fizerem correm riscos e nenhum governo irá os proteger.”
A administração americana anunciou o seu apoio ao governo do presidente Goodluck Jonathan no combate contra Boko Haram através do financiamento de um programa criado a seguir aos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001 contra Nova Iorque e Washington. O Departamento do Tesouro americano indicou que através desse programa, já está a apoiar nas investigações dos atentados bombistas do Dia da Independência em Outubro passado na capital nigeriana.